«Sabes o que me lembra este céu? Mais ou menos: a guerra dos astros. Tal e qual. A guerra dos mundos. Um sol maléfico, que tenta destruir a maquete, e sete planetas menores que tentam defendê-la.» [Finisterra, Carlos de Oliveira]
As férias, tais como as conhecemos, são um fenómeno que podemos considerar de certo modo recente.
Tudo começou com as primeiras semanas pagas na França dos anos 30 do século passado, quando a Frente Popular francesa governava. De seguida tivemos as versões nacional-socialistas da Alemanha hitleriana, ou a alegria no trabalho de raiz fascista, que Portugal teve como símbolo a F.N.A.T., qualquer coisa como Federação Nacional para a Alegria no Trabalho. No nosso país, só após Abril de 1974, as férias se tornaram um direito adquirido. Direito mais para uns do que para todos, estando actualmente o calendário moldado às férias.
Até parece que tudo fecha, tudo encerra para férias naquele tempo de Agosto. Nada acontece, exceptuando os noticiários não-notícia e as obrigatórias festas Agosto de terra em terra. Nada acontece em política mesmo que coloquem os gatos dentro do mesmo saco. Até a violência familiar aumenta. Ultimamente, já alguém foi salvo dessa violência graças ao início mais cedo do futebol. É que apesar dos seus defeitos, o futebol contribui bastante para a paz.
Com a irracionalidade do chamado modelo social e a sua clara crise e decadência, temos férias cada vez mais cansativas e pesadas. Acaba-se um Verão-Agosto muito pouco estival, e entra-se imediatamente para um Outono deprimido, zangado, sem esperança de escapar aos horários, do trânsito, a pagar a dívida do empréstimo feliz das frustrantes férias já idas, um dia atrás do outro...
Uma vida de meses que não passa de um só dia.
Amanhã, bem de manhã, será Natal.
Volto ao tema no seguimento do comentário de um anónimo à mensagem anterior:
Anónimo disse...
Existem pelo menos duas formas de olhar as coisas. Uma é criticar gozando e rindo porque falta algo. Outra seria: dar corda aos sapatos, ir junto dos responsáveis, e frente a frente, "meus senhores falta isto, façam o favor de corrigir". Cada vez mais o mundo está cheio de jornalistas (?) e bloguistas (?) cujo objectivo é deitar abaixo.
19 Agosto, 2007
É que é mesmo uma questão cultural a razão para o resultado do turismo na Praia da Tocha, em que temos muitos automobilistas e poucos turistas. O modelo em que assenta o projecto de desenvolvimento turístico da Praia da Tocha está a mostrar os seus resultados e a indicar que é urgente arrepiar caminho, porque a banalização com a degradação associada e respectiva decadência estão aí, conforme notícia de primeira página do Independente de Cantanhede. Num concelho como o nosso, o de Cantanhede, quanto pesará o turismo? Temos o exemplo da Praia da Tocha, que de local inóspito denominado por Palheiros da Tocha, é transformada em Praia da Tocha, com o surgir do fenómeno da venda de lotes e a construção a tornar-se importante na região só suplantada pela agricultura. A sazonalidade nota-se um pouco na economia. O arrendar de casa no verão tornou-se visível e tem sido solução habitacional temporária, quer para jovens casais, quer com residência temporária. Entretanto a região sofreu importantes obras em estradas, e o aparecimento dos automobilistas domingueiros. Serão turistas? Com a autarquia a tentar equilibrar os orçamentos municipais com o Impostos Municipal de Imóveis, tem sido ao longos destes tempos responsável pelo mau ordenamento do território, com aberrações construídas e em construção, e continuando a esbanjar recursos em prol de um inexistente modelo de desenvolvimento, colocando em causa o futuro das próximas gerações. Se o sol, só por si, não vende, que produtos vende a Gândara? Que produtos se podem oferecer além de bacalhau com batatas? É que se nada for feito para contrariar este caminho, continuaremos a alegremente a empobrecer. É que olhando um mapa fotografado a partir do céu um técnico da Câmara Municipal, só vê lotes para construção numa parcela de terreno que em tempos produziu feijões. A razão do erro em que muitos caem ao pensarem o turismo tal qual este se apresenta actualmente, é que o turismo deve funcionar paralelamente com outras actividades, reduzindo assim a precariedade de trabalho. Apostar no turismo tal qual o temos é um logro, isto é, mais automobilistas. É também claro que os negócios entre amigos correm o risco de serem muito gananciosos. E não se trata de uma qualquer descoberta. As coisas sucedem tal qual se esperam que aconteçam, num modelo turístico assente em empreendimentos rodeados de relva e campos de golfe. Felizmente coisas que não precisam de água. Sabe-se que o Turismo representa 10% do PIB. Isto indica a sua importância e também é aí que estão novas oportunidades de negócio, onde se englobam também as mais tradicionais e ancestrais actividades económicas e produtivas. Mas que turismo? A pergunta que se coloca é sobre o que se quer como turismo para a Praia da Tocha, isto é, se mais turistas ou mais receitas, sabendo nós que mais turistas dão mais receitas no imediato, mas a questão coloca-se se mais do mesmo é caminho a seguir, trazendo a banalização com a degradação associada e respectiva decadência, ou se quer um turismo mais abrangente de cadeia de valor mais longa, isto é, alargando-o às actividades locais quer comerciais quer produtivas, apostando num segmento de mercado turístico de maior capacidade de compra e de padrões de qualidade mais altos. A oferta de sol e praia, só por si, traz consigo mais automobilistas e a banalização que se já nota de ano para ano na Praia da Tocha. O negócio paralelo do arrendar casa nos meses de Verão está a definhar dadas as melhorias das acessibilidades e da mobilidade. Então o que fazer, se esgotado está o produto sol e praia, e se os produtos estratégicos que podemos ofertar para aumentar as receitas e qualidade terão que ter como componentes a gastronomia, saúde e bem-estar? O que deveria ser prioridade da autarquia que infelizmente, continua sem rumo, pois a autarquia não tem qualquer plano de desenvolvimento sustentado? O que neste momento se entende como projecto de desenvolvimento turístico centrado na Praia da Tocha deverá ter integrado as actividades económicas da Gândara, assim como novas oportunidade de actividade e negócio. Mas se só pensar a Gândara cansa, então fazer…
Post-scriptum: Sejamos realistas. Não podemos falar da Praia da Tocha e da Gândara, só sobre turismo. Tal qual citado no colega à beiramar.blogspot.com/, teremos que dizer a realidade: Mais que a Figueira da Foz, a Praia da Tocha, não passa de uma praia de proximidade. As pessoas vêm nas suas viaturas de manhã e retornam ao fim da tarde. É a pura constatação que as pessoas nem para passar um fim-de-semana vêm à praia da Tocha, muito menos uma noite se não for para assistir à barulheira. As tradições da Praia da Tocha já não existem e a qualidade da oferta gastronómica na Gândara, apesar da quantidade é muito pouca e em alguns casos nem existe. Falta formação a todos os níveis, em especial dos empresários de restauração. Relativamente aos funcionários de restauração ocasionais que há uma década se dedicavam à agricultura e pecuária, muito ainda fazem eles. O modelo está esgotado, apesar dos especialistas de fazer chover no molhado que por aí andam, continuarem dizer que isto é deitar abaixo. Por aí abaixo já estão as coisas a ir.
Há muitos e muitos segredos por desvendar, e muitas serão as surpresas que teremos na chamada “World music”.
Não passou de uma pequeníssima mostra de músicos, instrumentos, técnicas e sonoridades o que assisti no Andanças, pois há tanto a encontrar por aí, mesmo aqui à nossa beira, no nosso quintal.
“Worldmusic” não é nenhum estilo de música, mas sim milhares e milhares de estilos. Esta necessidade que temos em catalogar as coisas só nos poderá a levar a entrar em contradição com nós próprios, pois ninguém poderá impor o que e como o músico deve tocar e o que interpretar.