terça-feira, agosto 29, 2017

O poder é o Poder.



Para mudar o poder, mudar o actor não bastará.
Esta será a primeira condição mas não suficiente. De um modo geral, para que nada mude bastará mudar os cabeça de cartaz, os actores de primeira linha.

Não peças para mudar a que detém o poder. Só um ingénuo o faz, e só um crente acreditará que o que está investido nele o fará. O investido dirá ao ingénuo, se for caso disso, que agora é que vai ser a mudança.

segunda-feira, agosto 28, 2017

Os do costume



À taberna, sem qualquer combinação prévia, chegaram há pouco e quase todos  ao mesmo tempo, talvez devido aos dias estarem cada vez mais pequenos. Talvez! Vieram os costumeiros com a gasta desculpa da conversa para combinar as vidas, dizem eles, para os copitos dizem outros que não frequentam o local com tanta assiduidade, talvez por não terem a necessidade do aditivo líquido, dizem estes, talvez nada tenham a achegar às conversas, ou então pouco ferro que lhes tilinte nos bolsos ou nas patronas, dizem aqueloutros em surdina. Sim, porque a magreza da coirata nunca é para aqui chamada, antes pelo contrário, e tem acontecido que há alguém que nunca se chega à frente neste local de culto e use sempre a mesma nota na carteira, a tal folhinha que não lhe convém destrocar naquele momento.


Escrever direito por linhas tortas.






O importante é a imagem do espelho, metáfora dos tempos que vivemos, na busca do problema que sirva à solução desejada.
Vivemos um mundo de espelhos onde a realidade é distorcida e manipulada, desde a economia de casino, passando pela manipulação da democracia, sondagens, mídia, guerras e doenças, chegando aos valores tecnicamente falsos, na busca do problema certo para que a solução desejada seja posta em prática.

sexta-feira, agosto 25, 2017

Um risco traço branco de borda escura



A mulher baldeia o estrume ainda vivo retirado pela manhã cedinho do curral das vacas misturando-o com as agulhas e mato, um já podre de ter passado todo o Inverno acamado na estrumeira do pátio, e outro ainda em monte, ali descarregado de poucos dias, usando alternadamente o engaço e a forquilha. A merda viva fede ainda mais quando os seus pés, sempre nus donde se pode ver nos calcanhares as negras e encardidas gretas, a espezinha e esborracha. O surro vê-se em todo o comprimento nas pernas visíveis até onde deixa ver a negra saia ligeiramente subida e cintada pelo meio das ancas. Debaixo do lenço preto, atado com nó acima da cabeça, nota-se o desgrenhado cabelo negro. O suor escorre-lhe da fronte e por baixo das orelhas até ao pescoço, arredando a sujidade depositada na pele, e deixando um risco traço branco de borda escura.

Cada qual sabe o nome da terra onde vive, e esta não será excepção. Só que ninguém daqui sabe quem lhe deu tal identificação, nem o porquê. Sempre foi assim, dizem, sempre lhe chamaram pelo nome que ela sempre teve, pois já as avós das avós contavam que os nomes das terras já eram o que são desde que o mundo é mundo, e fazer perguntas acerca disso e de outras coisas referentes ao canto que cada um tem no mundo, quem foi o padrinho ou enregador, nem será de bom-tom. Não se vai questionar isto a uma pessoa que sabe e sempre o soube desde que tem memória de gente.

terça-feira, agosto 22, 2017

As moscas que sobreviveram às geadas do Inverno



As galinhas entram e saem do pátio da casa onde a estrumeira fermenta as agulhas acamadas com bosta dos currais das vacas e da bezerra. O monturo que está à saída da única porta da cozinha, e que dá para o pátio, quer entrar pela casa adentro, ainda mostra o camareiro emborcado sobre a recolha dos dejectos nocturnos. As agulhas finas, caruma apanhada do pinhal novo, em monte ali ao lado a um canto, ainda não foram espalhadas como última camada sobre o monturo. As crianças que brincam por perto ainda irão pisar o presente da noite e apezinhar com bosta o chão de terra batida da cozinha. O sol do meio da manhã incide sobre o fumegar queimante do esterco, iluminado o bailado das ainda poucas moscas que sobreviveram às geadas do Inverno.

segunda-feira, agosto 21, 2017

Trabalhos de fundição




A agricultura que foi desenvolvida inicialmente por mulheres. 
Junto com o uso da tecnologia do metal,este mais usado para a caça, a humanidade adquiriu outros conhecimentos associados à vivência dos dias com a compreensão dos ciclos naturais, e este trouxe o rápido desenvolvimento humano na partilha em grupo dos benefícios a partir dos bens resultantes desses novos processo tecnológicos, consigo uma alteração gradual nas mentalidades, reorganização social e alteração nas relações de poder.
Com as tecnologias usadas pela humanidade vieram associados novos modos de vida, novas organizações de sociedade e filosofias associadas.
Este tem sido o nosso caminho.

A quarta velocidade




A quarta revolução está em curso, estamos no meio dela, no olho do ciclone. É uma realidade vivida e sentida, com as tecnologias da chamada internet integrada na produção, com a comunicação dos equipamentos entre si, e o sistema a ajustar-se e a reorganizar-se em tempo real em função da procura instantânea.  
Assim, resumindo as etapas passadas em função das tecnologias utilizadas temos. 
1.0. Mecanização, energia hidráulica e energia a vapor. 
2.0. Produção em massa, linha de montagem e electricidade. 
3.0. Electrónica, computadores e automação. 
4.0. Cyber sistemas. 
Sabemos, hoje, porque sentimos, vemos, ouvimos e lemos, que cada vez mais há uma concentração de riqueza e poder em cada vez num menor número de pessoas. Que o que está a comandar esses mercados financeiros são computadores com recurso a algoritmos, cujo objectivo é a maximização do lucro, custe o que custar, e sentimos que as pessoas não estão nessas equações. Na Industria 4.0 temos robots, sistemas automatizados que comunicam entre si e com outros centros de produção, à mistura com operadores, e isto tudo integrado. Esta é a realidade actual e o caminho que o colectivo trilhou aqui nos trouxe à tal fábrica magra. 
É que está a acontecer. É o tempo que vivemos!

terça-feira, agosto 01, 2017

Olhares de fora da vedação


As estas retorcidas histórias dos olhares de fora da vedação vigente, mais amplos de horizonte, mais libertários, subversivos e até às vezes quase como hereges, são mais interessantes que as oficialmente consensualizadas.