segunda-feira, fevereiro 29, 2016

Um ponto que está no círculo.


Um ponto que está no círculo.
E que se põe no quadrado e no triângulo.
Conheces o ponto? Tudo vai bem.
Não o conheces? Tudo está perdido.

Há uma certa tristeza nisto tudo

Há uma certa tristeza nisto tudo

(José Pacheco Pereira, in Público, 27/02/2016)
Autor
             Pacheco Pereira
Há uma certa tristeza nisto tudo, mas as coisas são como são. O país conhece um ritmo depressivo quotidiano. De vez em quando, há um crime hediondo. Uma mãe mata as filhas. De vez em quando, é preso alguém importante e respeitável. Um procurador. De vez em quando, há um pequeno sobressalto porque alguém quer pôr árvores a servir de separadores de uma estrada. De vez em quando, há um pequeno sobressalto porque alguém quer deitar abaixo umas árvores. De vez em quando, há uma jovem actriz de telenovelas que tem cancro e, como não sabe viver fora dos holofotes, leva o seu cancro a tudo quanto é capa. As melhoras. De vez em quando, há mais um caso de violência doméstica. De vez em quando, um pescador ou um operário ou um desempregado que arredonda o seu orçamento apanhando bivalves no Tejo morre afogado. De vez em quando.
Há uma certa tristeza nisto tudo, mas as coisas são como são. Quase sempre, a todas as horas, há futebol. Discute-se antes, durante, depois. Os canais noticiosos, que deviam acrescentar-se aos canais desportivos, são tanto ou mais desportivos e cada vez menos noticiosos. Se um começa um painel sobre futebol, nenhum outro se atreve a fazer qualquer outra coisa que não seja outro painel sobre futebol. Nada mobiliza mais os portugueses, em particular como espectadores, telespectadores, ouvintes, conversantes, tertulianos e habitantes de mesas de café, do que a bola.
Há uma certa tristeza nisto tudo, mas as coisas são como são. Na política, o país está num impasse, mas parece que não. Como acontece por toda a Europa, a impotência do poder político democrático face ao poder económico castrou governos eleitos e submeteu-os a entidades obscuras como os “mercados”, onde o grosso do dinheiro que circula não tem pai nem mãe, a não ser numa caixa de correios das ilhas Caimão. O sistema político democrático, a representação partidária tradicional, está numa crise que parece não ter saída. Os partidos do “arco da governação”, ou seja, os que têm o alvará de Bruxelas, do senhor Schauble, da Moody’s e da Fitch, ainda ganham as eleições num ou noutro país, mas ninguém os quer ver a governar outra vez, pelos estragos que fizeram à vida dos homens comuns para salvar a banca, não tendo no fim salvado coisa nenhuma.
Por isso, coligações negativas, com mais ou menos sucesso, surgem em Portugal, na Espanha, na Irlanda, ou fortes partidos radicais, nacionais e populistas, na França, na Grécia, na Polónia, na Hungria. Ou partidos como o Labour reencontram um mundo do “trabalhismo” que se decretara ser arcaico. São tudo partidos muito diferentes, uns à esquerda, outros à direita, mas têm uma coisa em comum: contestam o poder transnacional da União Europeia, e o pensamento único em economia que daí emana por diktat. Uns mais o primeiro, outros mais o segundo. Contestam a promiscuidade que juntou socialistas com partidos do PPE, numa aliança que tornou o “não há alternativa” na ideologia autoritária dos nossos dias.
Há uma certa tristeza nisto tudo, mas as coisas são como são. Temos um Governo único na Europa, sem precedente por cá, sem paralelo por lá. Mas mesmo isso normalizamos, até porque como eles não estão muito entusiasmados com o feito, também não entusiasmam ninguém. O PS, apesar da vaga de insultos, de que se “descaracterizou”, traiu as suas origens, abandonou o papel de resistente ao PREC, “radicalizou-se”, é “terceiro-mundista”, etc., etc., é, imagine-se!, o mesmo de sempre. O BE está demasiado contente consigo próprio para olhar bem para o que se está a passar. Dedica-se todos os dias a uma causa nova, uma nova reivindicação, uma nova reclamação, sem sequer dedicar qualquer esforço a consolidar as que fez. Acha que está num momento alto de “luta” quando a luta, séria, dura, árdua, lhe passa ao lado. O PCP sabe que precisa de mudar, mas não sabe como.
Há uma certa tristeza nisto tudo, mas as coisas são como são. O PSD referve de raiva, como se vê quando Passos Coelho abre a boca. Tornou-se mais revanchista do que o CDS, e não tem outra estratégia que não seja garantir que haja eleições a curto prazo. Já teve melhores condições para as ganhar, hoje cada dia tem menos. A metamorfose “social-democrata” parece a toda a gente como oportunista, a começar pelos neoliberais que Passos reuniu à sua volta, para quem o PSD é um instrumento de acesso ao poder, mas que gostam mais do CDS.
Pouco a pouco, o ónus dos estragos que fez ao país começa a tornar-se evidente, como se passa com o que acontece no sistema financeiro, com o Banif, e com o BES. Uma mistura de interesses, negligência, incompetência e uma nonchalance ideológica com custos gravíssimos, deixou de herança uma crise de milhares de milhões, que todos sabem de quem foi a responsabilidade. É por isso que Passos fala dizendo enormidades, como as que disse sobre o Banif, o banco que dava lucro e por isso não se tocava, e Maria Luís está lá no fundo da bancada muito silenciosa a ver se ninguém a vê.
O CDS é um partido ancilar do poder, sem o poder fica lá colocado no sítio certo, atrás do BE. Sim, atrás do BE, que tem mais votos e mais deputados. Por isso, foi o “partido da lavoura”, o “partido dos contribuintes”, o “partido dos reformados”, e hoje é o “partido dos automobilistas”. Esperará o que tiver de ser para ver se volta ao Governo.
Há uma certa tristeza nisto tudo, mas as coisas são como são. Como não saímos da cepa torta, habituamo-nos depressa a considerar a cepa torta como a “realidade”. Já não nos governamos, para gáudio de alguns, indiferença de muitos e preocupação de um punhado de lunáticos, que ainda pensam que votam em Portugal, para que governantes portugueses eleitos por esse voto governem Portugal. Ainda são fiéis ao principio da revolução americana de que “no taxation without representation”, e por isso é o Parlamento português que deveria fazer o Orçamento e não uma mistura de governantes estrangeiros acolitados por uma burocracia escolhida pela fidelidade ao cânone alemão.
Há uma certa tristeza nisto tudo, mas as coisas são como são. Por isso, é “normal” o ministro das Finanças de Portugal receber ordens por email de Danièle Nouy, uma alta-funcionária bancária francesa com funções no BCE, mandando entregar o Banif ao Santander:
“A chamada com o Santander correu muito bem e a Comissão Europeia vai aprovar (…), há outras ofertas pelo Banif, que de acordo com a Comissão não respeitam as regras de União Europeia das ajudas de Estado, e que por isso não podem seguir em frente. (….) A Comissão Europeia foi muito clara neste aspecto, por isso, recomendo que nem percam tempo a tentar fazer passar essas propostas. (…) Eles [Comissão Europeia] vão começar a trabalhar directamente com o Santander assim que as autoridades estiverem prontas para começar o processo.”
Reparem: “Nem percam tempo a tentar fazer passar essas propostas”, até porque logo a seguir vem uma convocatória de uma conferência para a hora seguinte, para decidir entregar o Banif ao Santander. Manda quem pode.
Quantos emails destes, quantas notas, cartas, ordens deste género deve ter recebido (ou está a receber) o Governo português por dia? Muitos, certamente. Este soube-se porque foi deliberadamente sujeito a uma “fuga de informação”, mas deve haver muitos mais, da troika em particular, mas não só. O anterior Governo gostava, estava de acordo e anuía porque se via ao mesmo espelho doutrinário. Este ainda não se sabe se gosta, mas duvido que não, a julgar pelo tom de reprimenda com que todos os dias documentos oriundos da Comissão o tratam como “mau aluno”.
Há uma certa tristeza nisto tudo, mas as coisas são como são. Num certo sentido, eu percebo por que razão o futebol é tão importante. É como cantar blues, ponderada a diferença de qualidade. Seria melhor arranjar um Django, mas não aparecem a pedido.

domingo, fevereiro 21, 2016

Amigo, segue-me, e não te deixarei viver na servidão, nem na pobreza.

Amigo, segue-me, e não te deixarei viver na servidão, nem morrer na pobreza.

sexta-feira, fevereiro 19, 2016

A Ciência é corrosiva para a crença religiosa.



No caso de “presunção e água benta, cada qual toma a que quer”, indica só que a quantidade não traz consequências para o tomador, nem para os outros que estão próximo. No entanto, para a estupidez o caso muda de figura, pois uma pessoa estúpida causa dano a outrem e a ela própria sem que da sua acção tenha proveito, e isso é perigoso. Para este clérigo a situação é de bandido, pois causa dano a outros, mas os resultados são em seu proveito, e que resultados! Basta reparar na sua postura de poderoso, além das vestes caras e ricas que usa.

segunda-feira, fevereiro 15, 2016

O que é me ajuda e o que me atrapalha?


Estou a fazer a minha SWOT.

O que é me ajuda e o que me atrapalha?

A caminho de uma sociedade asséptica.

Vivemos numa sociedade em que de tanto minimizar os riscos, acaba por promover o risco de se tornar esterilizada e demasiado asséptica, e em que a menor infecção promove uma doença. A falta de contacto com as bactérias e vírus habituais do meio ambiente faz que qualquer ser, higienizado pela sociedade, se torne num alvo potencial de doenças.
Se se acrescentar a isso a higienização mental promovida pelos media ao serviço do lobby farmacêutico, temos a perfeita combinação de humanos debilitados, apáticos e receptivos a qualquer pânico vindo de instituições não eleitas e subvencionadas pela indústria farmacêutica, que as sustêm, como no caso da OMS.
Temos de encontrar um sistema em que as pessoas sejam informadas, por organizações independentes, sem terem necessariamente de entrar  em pânico. É um pouco como a meteorologia, que de início, de tanto informar as pessoas com sucessivos alertas vermelho, que não se  concretizavam, banalizaram o que deveria ser um alerta.
No caso das pandemias, de tantos alertas falsos, promovidos por interesses económicos, vão-se tornando banais, diminuem o seu impacto, até que um dia uma verdadeira pandemia não será levada a sério.
Voltando ao caso da pandemia do vírus Zika, temos de aprender a não ter medo de mais uma pandemia que, poderá ter sido construída e planear para beneficiar objectivos políticos, geoestratégicos e seguramente económicos.
 In [http://octopedia.blogspot.pt/]


sexta-feira, fevereiro 12, 2016

Eu gosto muito do desconhecido.




Previstas por Einstein há 100 anos, as ondas gravitacionais foram finalmente detectadas e o anúncio foi feito ontem. 
Mas que raio são essas famosas ondas gravitacionais?
Antigamente as coisas eram muito mais simples, não eram? A Terra era plana e foram muitos os que caíram no abismo e outros os que arderam nas fogueiras ateadas pela sua própria curiosidade.

Eu gosto muito do desconhecido.

quinta-feira, fevereiro 11, 2016

O mal que fizeram


(Rosalia de Castro)

Aqueles que tiveram a ousadia de sugerir, durante a crise, a emigração como uma porta de saída para quem não conseguia emprego em Portugal ou ficava desempregado, não perceberam, de todo, o mal que estavam a fazer ao país. A emigração resolve, para muitas pessoas, as suas vidas. Mas trama definitivamente o país.
E trama porque as pessoas que saíram estavam em idade activa, no auge das suas potencialidades. Grande parte deles teria estudos universitários ou mesmo uma formação acima dessa, com MBA e doutoramentos
http://expresso.sapo.pt/blogues/blogue_keynesiano_gracas_a_deus/2016-02-08-Como-a-emigracao-esta-a-tramar-o-PIB
[Nicolau Santos]

terça-feira, fevereiro 09, 2016

Amanhã é Quarta-Feira.




Sobreviver é preciso.
Sinais que nos chegam do outro lado de mundo em tempo de folia carnavalesca para os lados de Frankfurt e ano novo chinês.
Por cá os fora de jogo, as TVIs e SICs, o samba arrepiado do frio e a politicazinha pequenina, vão entretendo o pessoal.
Amanhã é Quarta-Feira.
http://expresso.sapo.pt/economia/2016-02-09-Derrocada-da-bolsa-em-Toquio.-Panico-financeiro-alastra-no-mundo

quinta-feira, fevereiro 04, 2016

Um tempo que não volta,


Andamos pela rede e pescamos fotos destas. 
Um tempo que não volta, o da minha memória de infância.

Não contra os bancos, claro.



... A ideia masoquista de que “só a Europa nos põe na linha” é um mantra que tem tido alguma aceitação, como se viu pela votação da coligação PSD/CDS nas eleições passadas. É evidente que a maioria dos representantes dessa “quinta coluna” vive bem, tem salários razoavelmente altos e faz parte de uma elite que não perdeu nem o emprego nem os bens com a crise. Assim é fácil ser porta-voz de uma Comissão Europeia dominada pela histeria do “ajustamento” contra os pobres. Não contra os bancos, claro. Nem contra os muito ricos que fogem ao fisco.





segunda-feira, fevereiro 01, 2016

Sobreviver é preciso



Sobreviver é o que nos resta neste tempo de sobrevida que a Europa de agora tem. Um continente sem rumo, afastada dos ideais humanistas, com os europeus emparedados entre um capitalismo selvagem, o deus vigente e imposto de tal enraizamento que mesmo querendo mudar nos emplastam com a tal realidade teimosa que não é mais que a ideologia e catequese, e de outro lado os fundamentalismos e fanatismos que nos amedrontam e atormentam.
Vivemos uma espécie de guerra instalada na sobrevida da Europa como a que desejávamos ir construindo: a Europa da Cultura, da Tolerância e da Diversidade.

Sobreviver é preciso.