Na guitarra Maria do Carmo Alta, primeira mulher empresária de fado, também fadista e guitarrista profissional.
«Sabes o que me lembra este céu? Mais ou menos: a guerra dos astros. Tal e qual. A guerra dos mundos. Um sol maléfico, que tenta destruir a maquete, e sete planetas menores que tentam defendê-la.» [Finisterra, Carlos de Oliveira]
Na guitarra Maria do Carmo Alta, primeira mulher empresária de fado, também fadista e guitarrista profissional.
Eu estou a pensar que a inovação financeira anda montada na inovação tecnológica, e está a potenciar a chamada recuperação dos mercados, isto para as empresas colocadas nas listas dos ditos das acções da praça de Londres, por exemplo.
A verdade só o é
quando coincide com a realidade.
Existe a
realidade e mais nada, e não pode ser compreendida pela Moral.
A utopia não é a verdade. É um desejo.
Observem que os donos do dinheiro, os servidores do Mercado, aqueles que mandam nisto, compreendem muito bem a realidade e, claro, não têm utopia, mas oferecem-na muito bem embrulhada aos outros.
Vejam quem aposta
no euro milhões e joga nas raspadinhas em busca de uma utopia, de um desejo
esperançoso.
(Xilogravura por Ambrosius Holbein de uma edição de 1518 de Utopia)
Cada época com
seu ópio.
Em meados do
século XIX, os operários ingleses, dadas as condições de trabalho e nem só,
eram na sua maioria viciados em ópio, que era de fácil acesso à época.
Em Portugal era o
vinho no seguimento da propaganda estatal de 1939, “Beber vinho é dar pão a um milhão de portugueses”, e nem só essa,
para reparar as energias depois de uma jorna laboral, tal qual o ópio na velha
Albião do século XIX.
Com as guerras do
ópio, guerras do império, 1839-42 e 1856-60, o ópio deixou de ser usado pelas
pessoas mais pobres. Foi então que o álcool e a religião, dado o aumento do
operariado, passaram a ter um novo campo de atuação e de uso.
A célebre frase
de Karl Marx, “A religião é o ópio do povo”, foi escrita neste contexto. Marx
vivia em Londres.
“A angústia
religiosa é ao mesmo tempo a expressão da verdadeira angústia e o protesto
contra essa angústia verdadeira. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o
coração de um mundo sem coração, assim como ela é o espírito de uma situação
sem espiritualidade. Ela é o ópio do povo.
A frase, no
contexto em que foi produzida, tem pouco de marxismo.
Tocador
(desenho de 1875)
De notar que o tocador que serviu de modelo e o artista, autor do desenho, não sabiam tocar guitarra. É o que o desenho mostra.
“Não há pão para
malucos”, é o que eu me entendo do hoje em dia, neste estado da Coisa, aqui
chegados.
´Buscar compreender
o Caosmo, é o que me esforço em acontecer
a cada momento que nele me encontro.
A
Trumpificação da Política
Cá, como lá, a politica se trumpifica na narrativa de levar o Presente para um Passado falso e trazer um Passado falso para o Presente.
É uma técnica milenar de retroprojeções, racionalizando mitos a ponto de os
tornar verdades absolutas.
Da parte que me cabe, o maravilhoso revela o falso.
Foto roubada no sítio www.economista.com
Fila de cegos.
De há 50 anos para cá os fogos nas manchas de pinheiro bravo serviram para substituir esta árvore pelo eucalipto. O pinheiro bravo foi resultado das políticas dos baldios e Junta de Colonização Interna nos finais do seculo XIX e nos inícios do século passado respetivamente.
À medida que regredimos no tempo da nossa
memória, mais intenso foi o tempo vivido.
Hoje o tempo é mais líquido,
apresentando-se a diluir nele mesmo. O tempo não é o que está para vir, mas sim
o que está a deixar de ser, ou seja, não há futuro.
Há sempre perdas da passagem da desordem
para a ordem. O círculo não é vicioso, e não será um círculo mas algo mais
espiralado, porque há operações irreversíveis.
Sentimos na vida que o espaço é função do
tempo, mas o tempo é função do próprio tempo, ou seja, o tempo no fim de si
mesmo, isto é, não há eternidade.
Se, por acaso, houvesse uma previsão estatística
anterior ao “nascimento do universo”, seria um nascimento impossível.
Na nossa vida, na nossa evolução social,
tudo o que foi criador e fundador, foi sempre estatisticamente improvável.
A realidade é teimosa, conspira contra os desejos.
O político
ganhou as eleições prometendo a mudança.
“Temos que
mudar” era o seu slogan de campanha.
No governo, um
alto funcionário apresentou-lhe evidências de corrupção dentro
da sua organização: havia um desvio, é assim que se diz, de fundos destinados a
obras sociais
O político
ouviu, nada disse, e demite o denunciante.
Os outros, os
mais próximos, entenderam a mensagem.
Sendo
a verdade um discurso sobre a coisa, em que a dita coisa corresponde,
efetivamente, ao discurso, e no caso contrário, quando o discurso não
corresponde à coisa, é o erro.
Sabendo
do erro no discurso sobre a coisa, e continuando a afirmar que ele é a
verdade, estamos, agora, na mentira.
Os
mitos são umas histórias fantásticas, pouco racionais, que têm como objetivo em
apontar ideias numa forma sugestiva, e não pelo racional, mas por meio de
metáforas, alegorias e simbolismos. Assim sendo, o mito não corresponde à
definição de verdade atrás exposta. Afirmar que o mito que eu quero que seja
verdade, e que os outros sejam efetivamente mitos, é um apelo ao sistema
ditatorial, se é assim que lhe posso chamar.
Neste
caso é a ditadura do pretenso monoteísmo.
O que andas a
fazer?
Ando a aprender a
desaprender.
Largar borda fora
as tralhas que me foram impingidas.
Eles falam,
falam, conversa e mais conversa, à laia de Gato Fedorento.
“ Que uma estrelinha
os ilumine e um caralhinho os foda na graça de Deus, que é quem pode!”
Ámen!
Já nada me surpreende!
Proposição tão evidente que não precisa ser demonstrada.
Porque hoje dei uso a vocábulo, lembrei o título do livro que li nos idos 82 e 83. O axioma de Linder.
Eram o tempo do
Serviço militar obrigatório, e das terríveis viagens de comboio ao fim de
semana.
Recordo que o
autor classificava as sociedades em dois tipos: as que tinham excesso de tempo e
as com escassez de tempo. As menos evoluídas teriam excesso de tempo. Daí comerem
devagar, terem refeições longas e com muita conversa, enquanto as avançadas ingeriam
refeições rápidas, enfim, como tinham escassez de tempo compravam tudo feito.
Se o crescimento
económico é constante, se as dificuldades materiais diminuem, porque não
estamos culturalmente melhores?
Porque é que a sociedade,
apesar dos benefícios que nos prometiam uma vida tranquila e harmoniosa, está numa
correria louca e desenfreada?
As coisas que eu
lia quando militar miliciano!
Eu não sou e não quero ser político, mas quero ter um papel político.
66 + 7/12
Ler na capa de um
semanário que a idade de reforma sobe para os 66 anos e 7 meses, quando tenho
65 anos e 7 meses vividos, não me entusiasma nem me stressa neste momento.
A velhice é um
esforço que só os anos nos habituam.
Saber sair de
cena não é nenhuma virtude. É saber que se é empurrado borda fora. Primeiro com
elogios e depois com o esquecimento.
Desfazemo-nos,
esboroamo-nos a caminho da não existência.
É fodido? É!
Chateia-me e
deixa-me triste, só isso!
À medida
que as taxas de natalidade descem, muitos políticos querem investir dinheiro em políticas que
possam levar as mulheres a ter mais bebés. Donald Trump prometeu distribuir
bônus se retornar à Casa Branca. Em França, onde o Estado já gasta 3,5-4% do PIB em
políticas familiares todos os anos, Emmanuel Macron quer “rearmar
demograficamente” o seu país. A Coreia do Sul está a considerar doações no
valor de espantosos 70 mil dólares para cada bebé.
No entanto,
todas estas tentativas provavelmente fracassarão, porque se baseiam num equívoco.
As economias,
isto é, a sociedade das empresas às pessoas, não se devem preparar para viver
com para a nova situação?
Nota: Com a taxa de substituição de 2,1, a população é
estável sem imigração. O declínio na última década foi mais rápido do que os
demógrafos esperavam.
https://www.economist.com/leaders/2024/05/23/why-paying-women-to-have-more-babies-wont-work
Tás cá c´uma fé!!
Não é uma questão de fé.
A realidade é muito teimosa.
As pessoas só lêem, ouve e vêem
o que lhes interessa, o que deverá ser elogioso para elas.
Se a leitura os levar a pensar no primeiro
parágrafo, então ficam por aí.
“ Na espera que o dia acabe ele voltou a olhar para o reflexo
branco e luminoso que vem por cima das nuvens quietas. Não há vento que se veja
nelas para os lados das Baleiras. O tempo vai-se escoando. Não o que há de vir,
mas o único que há, que passa correndo para trás de si mesmo e que se esvai na
luz do sol mirrado a afundar-se no mar. “
Se conseguirem ler, com algum
entendimento, o primeiro capítulo, talvez sigam.
Depois há três tipos de abordagem ao texto
a quando da leitura.
- Estética
- Política
- Heurística.
A primeira depende só do leitor.
A segunda depende do leitor e do grupo
ideológico a que pertence. Ele irá ler de acordo com o seu pensamento político,
seja de direita ou de esquerda, e o que ele quer ler lá estará. É como os
religiosos a ler a Bíblia.
A terceira é uma leitura indiciária de
busca. Aqui está envolvido o leitor e o autor. Aqui o leitor terá um
trabalho que se aproxima ao do autor. O que o autor quis dizer ao escrever?
Questionar, buscar, voltar a questionar e assim sucessivamente.
Três pessoas já leram o livro antes de ele
ir para a tipografia. Duas são aminha Maria, e a minha filha para fazer a
aguarela da capa.
Eu não conto como leitor.
Terei mais quantos leitores?
Podes arriscar um número?
E já agora, distribui os leitores pelos
3 tipos de leitura.
És capaz?
Abraço
Manuel Ribeiro