O meu plano para 2007 é viver.
Viver, partilhar a vida, é sempre um motivo para celebrar.
Quero agradecer a todos vós a celebração da partilha.
«Sabes o que me lembra este céu? Mais ou menos: a guerra dos astros. Tal e qual. A guerra dos mundos. Um sol maléfico, que tenta destruir a maquete, e sete planetas menores que tentam defendê-la.» [Finisterra, Carlos de Oliveira]
É a memória de um Natal de infância, antigo, neste Escoural perdido entre pinhais, no fim do mundo.
Um Natal que é associado não ao menino Jesus, muito menos ao pai natal ou a árvore de Natal, mas sim ao fogo, o lume que alumia a noite perdedora, onde tudo é permitido. A fogueira de Natal foi espontaneamente organizada pelos rapazes da aldeia. Pouco rapazes pois a aldeia é pequena, onde os mais velhos e mais tesos aproveitavam o calor para rever memórias e fazer a previsão do futuro ano agrícola em função do comportamento do fumo da fogueira enquanto este sobe na noite. Chamam-lhe “ver as tempras”, e com inspiração que vi nenhuma tempora falhará. Este ano, os rapazes reeditaram a fogueira de Natal. Reeditaram a memória ancestral e pagã dos avós, pois as noites cada vez mais iguais por todo o lado têm sido deles.
Vivemos num tempo de mudança, um tempo que exige trabalho e contenção.
Algumas coisas foram e têm sido feitas, mas tem sido coisas de pouco e duvidoso mérito em que quase tudo se atinge sem esforço. Mudar é difícil, mas não mudar é condenar ao atraso quer quem não muda, quer quem o envolve, isto é, um autentico acto de estupidez.
Tudo é calmo, tudo está no seu lugar, tudo vai bem por estas santas terras gandaresas. Só que o modelo está esgotado e vai definhando com os actores principais em palco a arrastarem-se com os mesmo números, a mesma anedota de riso fácil e final previsível e recorrendo cada vez mais ao volume do som e à intensidade da luz sobre o palco.
Não temos tido na Gândara, infelizmente, uma sociedade robusta e dinâmica, mas temos uma lista de instalados em pequenos poisos de duvidosa importância a emperrar a mudança.
É tempo de tirar a cabeça do buraco!
Há 26 anos, na escola da guitarra no “Chiado”, ouvi de Jorge Gomes: o velho está mal, e ainda com tanta Música e tanta Guitarra!
Somos, todos nós, os herdeiros de Artur Paredes e tudo devemos fazer em merecer tal herança.
Obrigado mestre Octávio pela tua música e pelo teu blog (http://guitarradecoimbra.blogspot.com/) .
Tal qual com os discos da música Pimba que não compro, mas cujos temas de tanto os ouvir por aí os trauteio sem dar por isso, não li nem vou ler os best-sellers de Santana Lopes, nem o mui badalado e fedorento livro de Carolina Salgado.Um e outro foram lançados no tempo pré natalício. Foi por acaso, só pode!
Mas lembro o que, uma vez, me disse Idalécio Cação acerca do jornal A Bola e sua importância para minimizar o analfabetismo funcional dos portugueses. O jornal A Bola e a revista Maria também são importantes. Mesmo muito importantes.
Abortices
Votarei sim no referendo!
Quase tudo o que vemos à nossa volta, incluindo o edifício moral e social em que vivemos, é e tem sido construído à dimensão dos homens, e os homens não engravidam.
E porque as vítimas têm sido as mulheres e só as mulheres, votarei sim, pois a elas deve ser reconhecida a liberdade do limite. Votarei sim sem dar nem receber lições de moral, respeitando quem irá votar sim e quem irá votar não. Votarei sim porque me esforço em não ser hipócrita.