sexta-feira, setembro 20, 2013

quando a tarde morria


quando a tarde morria

era no cais, quando a tarde morria, o velho cata

névoa de olhos espetados no céu, tinha a face

coada de rugas e os lábios de cor púrpura. era no

cais, quando a tarde morria. de cachimbo na

boca, acenando, o velho entreviu a sereia,

despejada das ondas, estendida na areia, da

maré. era no cais, quando a tarde morria. os

olhos do velho inundavam a sereia. e os ventos,

 escultores mareiros, moldavam-lhe o vestido ao

 esplendor dos seios…

 

António Canteiro

o silêncio solar das manhãs

Poema tirado da obra galardoada com o prémio nacional de poesia Sebastião da Gama 2013

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