Lisboa, Cadeia do Aljube, 1 de Janeiro de 1940
                                                     Ariane
                      Ariane é um navio.
                      Tem mastros, velas e bandeira à proa,
                      E chegou num dia branco, frio,
                      A este rio Tejo de Lisboa.
                     Carregado de sonho, fundeou
                     Dentro da  claridade destas grades…
                     Cisne de todos, que se foi, voltou
                     Só para os olhos de quem tem saudades…
                     Foram duas fragatas ver quem era
                     Um tal milagre assim: era um navio
                     Que se balança ali à minha espera
                     Entre as gaivotas que se dão no rio.
                    Mas eu é que não pude ainda por meus passos
                    Sair desta prisão em corpo inteiro,
                    E levantar âncora, e cair nos braços  
                    De Ariane, o veleiro.
 
 
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