Lancem-se as
palavras no tanque de lavagem.
As palavras terão
que estar claras, lavadinhas para serem cozinhadas.
Os advérbios de
modo terão, obrigatoriamente, de ser apartados das restantes palavras, trabalho
que não é assim tão penoso e difícil no crivar, dado o seu peso impactante na conversação
diária, notando-se de sobre maneira no vozeado.
Mas como em toda
a escolha com reparações e correções, haverá, mesmo assim, algum que passará
à peneira da triagem auditiva.
Depois de
crivadas, polidas e lavadas, uma a uma, lançam-se ao panelão.
As proporções, que só os entendidos conhecem, não são para aqui chamadas. Estamos na nouvelle cousine.
Aqui só para nós, qualquer proporção serve, mesmo a ordem de juntar os ingredientes é-nos indiferente.
O recipiente da
cozedura da amálgama vozeada deverá estar em lume brando.
O banho- Maria é
o mais indicado, mas não é obrigatório nem necessário o seu uso.
É mexer continuamente,
sempre no mesmo sentido, para não entoldar as palavras na cozedura.
Quando estiver a ponto,
vaza-se o misturado na travessa da exposição.
Et voilà!
Eis o poema
cozinhado em lume brando.
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