A estupidez
humana é transversal à sociedade. Existe independentemente do grupo de pessoas
em análise.
Todos nós sabemos que existe, já ouvimos falar, e até já chamámos estúpido a quem a não praticou.
Basta dar uma olhadela à caixa de comentários de publicações online de jornais e nas redes sociais para me sentir preocupado com o caminho que leva este tempo que vivemos.
O estúpido vota.
Ele vota e é eleito.
Eu estou cheio de dúvidas.
Depois da matança em série de 15 milhões de martas em
quintas de criação de em grande escala, depois do ministro da Agricultura dinamarquês
se demitir pelo abate dos visons e outras notícias dispersas, eu começo a duvidar do local de origem do
Covid 19. A produção de monocultura de animais, árvores ou cereais, é um
problema sério que a humanidade está a enfrentar.
A gripe espanhola de há 100 anos teve os primeiros casos
registados nos Estados Unidos da América, num regimento norte-americano, que acabou
por contaminar as trincheiras da Grande Guerra. Foi a imprensa livre de Espanha
é que deu a notícia dos primeiros casos ocorridos em Barcelona, logo o nome de
gripe espanhola.
Um pormenor importante: se a imprensa na China fosse
livre, as coisas da pandemia que vivemos estariam a correr de outra maneira.
Está em curso uma alteração na maneira de
pensar de organizar a sociedade.
Será a próxima geração a dizer que a minha
estava a pensar de modo errado, além de estúpido.
Esta pandemia mostra-nos que o modelo aqui
nos trouxe, apesar da crise financeira de 2008 nos ter alertado não mudamos de
paradigma, nos levará a chocar com vazio de ideias e soluções.
Todas as propagandas são mais do mesmo.
Ouço as mesmas bestas avençadas nas TVs de domingo à noite a dizer as mesmas
merdas, desculpem a linguagem, mas não encontro outra mais adequada à situação,
que diziam antes da pandemia. Nem o ridículo das suas afirmações contraditórias
os faz parar na catequese que vomitam.
O carro está sem travões, sem caixa de
direção, e o caminho não é este. Este caminho esburacado é o que nos leva a
estampar.
Eu sou otimista. A geração nascida na crise
financeira e no Covid, irão iniciar essa alteração. Nós, a nossa geração,
ficaremos para a história como fazedores de coisas inúteis, desnecessárias e
estúpidas.
É a tal confiança
a termo que se vai desmoronando neste tempo que vivemos.
A espera assusta,
e cada um reage em função da sua construção de mundo.
Os edifícios
individuais desmoronam-se.
As pessoas vivem maior parte do seu tempo fora de casa.
O que comem, como e onde comem. O trabalho, como e onde trabalham. O que consomem, como e onde consomem. Tudo isto fora de casa. Assim se construiu ao edifício.
A pandemia veio baralhar tudo.
As pessoas estão desorientadas. Tudo parece
hecatombe, e o é na realidade.
Irá passar, mas demorará o seu tempo.
Estamos à espera de um remédio que irá demorar,
enquanto todo o edifício mental se desmorona como um castelo de cartas. Tudo me
indica que 2021 será uma réplica de 2020, mas com mais certezas, de que as
coisas vão continuar piores, isto é, na mesma.
Tudo isto irá passar, mas devagar.
Depois do ser que queremos hoje, voltaremos
ao parecer ter que desejamos agora não perder?
Nada de novo a estibordo, que a bombordo
ainda não se vê baía de acostagem.
Sigamos a Sul.
Eu sou otimista.
