A quarentena das
quarentonas
Na sala de espera
para exames clínicos, com a demarcação de cadeiras e circuitos de circulação
marcados a serem cumpridos, aguarda-se a chamada.
A televisão está
ligada. Só se ouve do canto superior da parede covid para aqui, covid para ali.
Uma mulher na casa
dos quarenta anos pelo corpo e pela voz apesar de mascarada relatava em voz alta
para a interessada em ouvir que estava na cadeira a mais de dois metros, um
ror de sessões de fisioterapias, as dores de espinhela caída, para não falar das do dente do sizo.
Do outro lado da sala,
duas irmãs quarentonas também, acompanham a mãe que apresenta várias
dificuldades, entre as quais a mais notada, a de locomoção. Estas, cada uma de
telemóvel em punho, comentam o Facebook de um fulano Tal que no vídeo postado
até mostra a porta para ele ir mijar, diz uma para a outra
Uma voz monocórdica, mascarada, chama pelo meu nome.
Eu, aliviado, lá
fui para o exame, cuja prova resolvi com êxito, recorrendo à demonstração
por absurdo.
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