segunda-feira, maio 26, 2014

Lavandaria


Hoje cheguei ao local do trabalho como se não percorrido o habitual trajecto casa-trabalho. Não me lembro de ter percorrido tal caminho. O piloto automático funcionou.
Arrefeceu um pouco esta primavera. O céu de tom cinzento plúmbeo diz que vai chover. A sirene da fábrica arrebita os braços e as mente para os ruídos e sons do trabalho que começam a afinar e a executar a ritmada sinfonia do laboro.
Recordo ter vindo a ouvir a música de J. S. Bach, ritmos usados antes dos actuais marcados pela máquina e lembro que revisitei o armário das memórias, servi-me do olvidar do trajecto como limpeza de memórias de passados e pessoas inseguras que me trazem as tais, de muitos que tenho ouvido, energias negativas. Lentamente as empurro borda fora e, à mediada que o seu espaço por elas ocupado no armário diminui, melhor me sinto.
Não sendo dos meus interesses, não poderão fazer companhia de estrada. Além de me roubar essa tal energia, colam-me uma sensação de ressentimentos de ordens várias e estranhas, ou mesmo uns resquícios de culpa. Lentamente tudo para fora do armário das memórias e não me levem nas memórias. Eu sigo o meu caminho.
Vai começar a chover, não tarda nada.

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