terça-feira, agosto 07, 2012

O nepotismo e a crise

http://www.ionline.pt/opiniao/nepotismo-incha-crise

«Reza a lenda que um famoso tio de um ex-governante, sempre que tinha um interesse imobiliário numa qualquer autarquia, começava por oferecer os seus bons préstimos familiares ao correspondente edil. Uma simpatia tida como normal.

Recordo esta história a propósito da venda do Pavilhão Atlântico ao consórcio Arena Atlântico.

Para perceber o que está em causa é bom que se comece por escrever que este é um negócio ruinoso para o Estado, ainda que aparentemente vendido à proposta com o valor mais elevado. Todo o processo de construção do pavilhão custou, há escassos 14 anos, quase três vezes o valor pelo qual será agora alienado e, há pouco mais de um ano, anunciava-se ter triplicado os resultados, garantindo lucros de 725 mil euros.

Curiosamente, este negócio resulta em proveito de um grupo em que pontifica o genro do Presidente da República, Luís Montez – indivíduo envolvido em inúmeras notícias de alegados favorecimentos do Estado e processos em tribunal por dívidas astronómicas, e com uma estranha história de renegociação da dívida com o BPN revelada pela revista “Sábado”. É óbvio que não se quer defender que os elementos do clã Cavaco Silva devam estar inibidos de exercer actividades comerciais, mas não me pareceria exagerado que o Presidente da República moderasse a sanha familiar quando se trata de abocanhar as últimas partes lucrativas de um Estado do qual o próprio patriarca é o principal responsável.

Estando cada vez mais enraizada a lógica de compadrio e nepotismo entre as elites financeiras – basta passar os olhos pela repetição de apelidos dos mais altos cargos das principais empresas públicas e privadas –, restam poucas dúvidas de que Cavaco Silva terá tido um papel central neste negócio. Quer dele tenha tido conhecimento prévio, quer não.»

Autor: iago Mota Saraiva.

1 comentário:

Anónimo disse...

Se foi vendido abaixo do preço de custo é mau para o Estado.
De qualquer forma gostava mesmo é que não fosse isento de IMT nem de IMI no futuro. Isto é válido para todas as fundações etc etc.
Como disse um Prof do ISEG 60% dos prédios em Portugal não pagam IMI!!!
Como é possível? e ainda querem aumentar o IMI para quem já paga?
Qualquer família quando não tem dinheiro diminui os custos. Diminui a despesa. Está na hora do estado se voltar a escrever com letra grande. Diminuam a despesa sff.