segunda-feira, novembro 23, 2009

Ratos reuniram em conselho

Algures, entre muitos gatos
Um havia
Que era, segundo a fama que corria,
O mais temido caçador de ratos.
Focinho de arreganho,
De grande rabo
E de eriçado pelo,
Para o murganho
Vê-lo,
Era do diabo!....
Nenhum rato caía na tolice
De sair, sem cautela, do buraco,
Por mais fraco
Que o estômago sentisse.
Não, porque ele era o espectro, era a tortura
Que rala, que aniquila, que consome!
Ele era a fome
E a sepultura!
O caçador, porém, não era monge;
E numa linda noite de luar
Soube-se no lugar
Que andava longe…
Então,
(Vejam aqui os homens neste espelho
Como eles, fúteis, tantas vezes são)
Os ratos reuniram em conselho.
Diziam: - Isto assim não pode ser;
Antes a morte que tal sorte:
Passar dias e dias sem comer!
E logo alvitrou um, com alvoroço:
-Sabem o que é preciso?
É pôr-lhe um guiso
Ao pescoço…
Com um guiso ele próprio nos previne…
Muito embora no chão se agache e roje,
Ao menor movimento o guiso tine,
E a gente foge…
-Bravo! - gritaram todos – muito bem!
É assim mesmo! Assim!
Mas quem há-de ir atar o laço? Quem?
Eu não, que não sou tolo! – afirmou um.
Nem eu – disse outro. E enfim,
Não foi nenhum.
Há destes casos neste mundo a rodos;
Se é preciso coragem numa acção,
Todos concordam, ninguém diz que não,
Mas chegado o momento, faltam todos!
(Fábulas feitas por JOÃO DE DEUS)

5 comentários:

aspirante a tacho disse...

O mal está em se fazer as coisas da maneira mais dificil... mais fácil seria envenenar o gato...

Anónimo disse...

OLHA QUE NÃO É FÁCIL ENVENENAR UM GATO... NÃO COME SEM CHEIRAR BEM A COMIDA. BASTA UM PEQUENO ODOR (A VENENO?) E NEM LHE TOCA.

aspirante a tacho disse...

"envenenar" é uma das mil e uma maneiras de fazer "desaparecer" o "gato", sem o risco de lhe tentar meter o "guiso"...
Mas de qualquer maneira, se o gato tem aquele temperamento (à mete nojo!), tenho a certeza que cai na armadilha do "veneno".

José Vieira disse...

“Numa cidade da Índia viviam sete sábios cegos. Como os seus conselhos eram sempre excelentes, todas as pessoas que tinham problemas recorriam à sua ajuda.
Embora fossem amigos, havia uma certa rivalidade entre eles que, de vez em quando, discutiam sobre qual seria o mais sábio.
Certa noite, depois de muito conversarem acerca da verdade da vida e não chegarem a um acordo, o sétimo sábio ficou tão aborrecido que resolveu ir morar sozinho numa caverna da montanha. Disse aos companheiros:
- Somos cegos para que possamos ouvir e entender melhor que as outras pessoas a verdade da vida. E, em vez de aconselhar os necessitados, vocês ficam aí discutindo como se quisessem ganhar uma competição. Não aguento mais! Vou-me embora.
No dia seguinte, chegou à cidade um comerciante montado num enorme elefante. Os cegos nunca tinham tocado nesse animal e correram para a rua ao encontro dele.
O primeiro sábio apalpou a barriga do animal e declarou:
- Trata-se de um ser gigantesco e muito forte! Posso tocar nos seus músculos e eles não se movem; parecem paredes…
- Que palermice! – disse o segundo sábio, tocando nas presas do elefante. – Este animal é pontiagudo como uma lança, uma arma de guerra…
- Ambos se enganam – retorquiu o terceiro sábio, que apertava a tromba do elefante. – Este animal é idêntico a uma serpente! Mas não morde, porque não tem dentes na boca. É uma cobra mansa e macia…
- Vocês estão totalmente alucinados! – gritou o quinto sábio, que mexia nas orelhas do elefante. – Este animal não se parece com nenhum outro. Os seus movimentos são bamboleantes, como se o seu corpo fosse uma enorme cortina ambulante…
- Vejam só! – Todos vocês, mas todos mesmos, estão completamente errados! – irritou-se o sexto sábio, tocando a pequena cauda do elefante. – Este animal é como uma rocha com uma corda presa no corpo. Posso até pendurar-me nele.
E assim ficaram horas debatendo, aos gritos, os seis sábios. Até que o sétimo sábio cego, o que agora habitava a montanha, apareceu conduzido por uma criança.
Ouvindo a discussão, pediu ao menino que desenhasse no chão a figura do elefante. Quando tacteou os contornos do desenho, percebeu que todos os sábios estavam certos e enganados ao mesmo tempo. Agradeceu ao menino e afirmou:
- É assim que os homens se comportam perante a verdade. Pegam apenas numa parte, pensam que é o todo, e continuam tolos!”

Leonardo disse...

Eu até era capaz de afirmar que este conselho tinha sido lá no seu quintal... mas em Novembro ainda não tinha sido construída a infraestrutura. Contudo o banquete estava pronto a servir...