segunda-feira, outubro 26, 2009

Aprender no erro

Quando alguém incomoda o instituído sistema que alimenta aqueles que têm dominado, logo um coro de rasganço de vestes se ouve, como um unir fileiras contra a subida inevitável da maré que irá encher a praia. Um coro de vozes a recordar os ancestrais medos, muitos já esquecidos e colocados para o caixote do passado.
É aqui que se acentuam os choques e as diferenças.
Vive-se o medo da mudança como se mostra no recorrer ao instituído pelo velho e arcaico sistema, às crenças enraizadas como refúgios e cais de abrigo, ideias de um mundo dominado por forças superiores.
Só não aprende quem não erra, e só não erra quem não faz. Abençoado erro que nos eleva.

7 comentários:

Carlos Rebola disse...

Manel

Sem medo de errar estou de acordo, com o que está escrito.
Tal como nos "Paradoxos de Zenão" a certeza nunca se atingirá, certa é a mudança e mudança supõe intervalo e intervalo por mais pequeno que seja pressupõe erro. É aí que aprendemos, naquele intervalo que uma vez referiste, ficava entre o burro e a capela do Zambujal. Escrevo isto sem medo de errar, porque já estou a aprender.

Gostei do post e do labirinto do qual só algumas criaturas sairão pelas portas certas, depois de esmurrarem o nariz nas erradas.
Obrigado, obrigaste-me, a errar melhor a aprender, sem erro não há certo.

Abraço
Rebola

Henrique Monteiro disse...

Entre o sagrado e o profano, mesmo ali onde o espaço é contíguo e requer enorme liberdade de pensamento, não se vislumbram alterações substanciais quando ele, o pensamento, é formatado. Esse é o grande erro da nossa civilização. Caminha-se para o "Pensamento Único" e quem está fora é atacado, humilhado e ostracizado. Só que a esperança na "subida da maré que vai encher a praia" é mesmo inevitável.
Um abraço.

Arsénio Mota disse...

Tudo isto, afinal, parece lembrar o que anda um pouco esquecido. Que a palavra «errar» tem dois significados diferentes: andar à solta; praticar um erro. Atenção: será por acaso?! De facto, vendo bem, «errar» é, simultaneamente, andar (avançar) num sentido qualquer; mas «andar» também é, fatalmente, tropeçar ou cair alguma vez. Os Antigos, que moldaram assim a nossa língua, sabiam-no bem!

António disse...

Erram, não aprendem e continuam a ser elevados...aquando da maré, normalmente de 4 em 4 anos!

Isabel Guerreiro disse...

Não poderia estar mais de acordo consigo. Caro Manel, é por isso que, cada vez mais, me considero uma alma errante neste espinhoso caminho da vida. Abraços

José Vieira disse...

Errata, (que significa indicação dos erros cometidos na impressão de uma obra) é uma palavra que também gosto, desde que se aprenda com isso!Mas as marés de quatro em quatro anos ofuscam-nos e teimamos em esquecer os erros e pior que isso, tornar a cometê-los.Mas acaba por ser normal porque a maioria de nós não tem projectos nem convicções e estamos em tudo como no futebol (mesmo que a equipa seja má, jogue mal, o treinador péssimo)é a nossa equipa e temos orgulho nela.E não há nada mais errado que isto.

Anónimo disse...

Pois muit bem, errar é humano, mas ser-se teimoso é pior do que errar.
Todos gostam do seu Clube/Partido/Relegião, mas não pdem é tentar servir-se deles para serem alguem e depois veem com conversa fiada a tentar denegrir aqueles que com todas as dificuldades tentaram fazer o melhor. Não coloquem a cabeça na areia. Trabalhar não faz mal a ninguém, ainda que no anonimato.