segunda-feira, julho 06, 2009

Mas que turismo?

(Caniceira 04-07-2009)
Sabe-se que o Turismo representa 10% do PIB. Isto indica a sua importância e também é aí que estão novas oportunidades de negócio, onde se englobam também as mais tradicionais e ancestrais actividades económicas e produtivas.
Mas que turismo?
A pergunta que se coloca é sobre o que se quer como turismo para a Praia da Tocha, isto é, se mais turistas ou mais receitas, sabendo nós que mais turistas dão mais receitas no imediato, mas a questão coloca-se se mais do mesmo é caminho a seguir, trazendo a banalização com a degradação associada e respectiva decadência, ou se quer um turismo mais abrangente de cadeia de valor mais longa, isto é, alargando-o às actividades locais quer comerciais quer produtivas, apostando num segmento de mercado turístico de maior capacidade de compra e de padrões de qualidade mais altos. A oferta de sol e praia, só por si, traz consigo mais automobilistas e a banalização que se já nota de ano para ano na Praia da Tocha. O negócio paralelo do arrendar casa nos meses de Verão está a definhar dadas as melhorias das acessibilidades e da mobilidade. Então o que fazer, se esgotado está o produto sol e praia, e se os produtos estratégicos que podemos ofertar para aumentar as receitas e qualidade terão que ter como componentes a gastronomia, saúde e bem-estar? O que deveria ser prioridade da autarquia que infelizmente, continua sem rumo, pois a autarquia não tem qualquer plano de desenvolvimento sustentado?
O que neste momento se entende como projecto de desenvolvimento turístico centrado na Praia da Tocha deverá ter integrado as actividades económicas da Gândara, assim como novas oportunidade de actividade e negócio.
Mas se só pensar a Gândara cansa, então fazer…

14 comentários:

Anónimo disse...

http://transparencia-pt.org/?search_str=cantanhede

Bruno E. Santos disse...

E pensar que um dos últimos palheiros originais da zona se encontra no meio de uma terra, a oeste da Caniceira!
Alguém sabe a história dele? Como ali foi parar? Estaria originalmente no último bairro de palheiros da Praia da Tocha, que foi demolido há uns 10-11 anos?

Pelas minhas contas, já só restam 3 dos "originais"! Na Praia de Mira já desapareceu quase tudo, mas pelo menos construíram um Museu Etnográfico para preservar a memória!

Manel disse...

Caro Bruno,

Este palheiro que é do meu amigo Manel Cardoso,veio directamente do bairro dos caniceiros, para o meio de uma terra.
Veio em cima de umatrelado do tractor por iniciativa do proprietário, enquanto os outros foram demolidos, também por interesse dos proprietários, registe-se aqui.
Está tudo documentado e registado.
Há um quarto de século, publicou o Diário de Coimbra uma carta minha, onde afirmei que me estavam a roubar a areia para assar batatas.
Muitos dos que agora choram pelos palheiros, desconsideram a minha opinião. Até Júlio Oliveira tinha como slogan "Tocha vila Praia nossa", um palheiro para cada gandarez".
E foi que se viu!....Foram os coveiros dos Palheiros da Tocha.

Manel disse...

Caro Bruno,

Este palheiro que é do meu amigo Manel Cardoso,veio directamente do bairro dos caniceiros, para o meio de uma terra.
Veio em cima de umatrelado do tractor por iniciativa do proprietário, enquanto os outros foram demolidos, também por interesse dos proprietários, registe-se aqui.
Está tudo documentado e registado.
Há um quarto de século, publicou o Diário de Coimbra uma carta minha, onde afirmei que me estavam a roubar a areia para assar batatas.
Muitos dos que agora choram pelos palheiros, desconsideram a minha opinião. Até Júlio Oliveira tinha como slogan "Tocha vila Praia nossa", um palheiro para cada gandarez".
E foi que se viu!....Foram os coveiros dos Palheiros da Tocha.

MDomingues disse...

A perda de património tem sempre culpados e em alguns casos até mesmo os próprios donos! ..."Um palheiro para cada gandarez" me parece ter tido início com a ocupação selvática da Costinha e Palheirão que p´ra bem da natureza tudo acabou por ser desmantelado!

Bruno E. Santos disse...

O palheiro, construção tradicional e simples, tem obviamente limitações de habitabilidade, conforto e durabilidade; logo, quando o nível de vida das populações melhorou, foi abandonado! Ninguém deve ser obrigado a ter que viver num!

Mas se se pretende atrair um tipo de turismo que não seja só baseado no sol e praia, têm-se de preservar e aproveitar o que existe de único na região, para diversificar os factores atractivos:

Outra coisa de único e que gosto muito nesta região, por exemplo, são as lagoas! Acontece que as mais próximas, Teixoeiros e Salgueira, têm sido um pouco mal tratadas! Caça indiscriminada e selvagem, com alguns indivíduos a atirar em tudo o que mexe (sem aves, estas zonas húmidas saem fora dos itinerários nacionais dos "Birdwatchers", um tipo de turismo em desenvolvimento), pequenos aterros nos últimos 10/15 anos (Salgueira), acumulação de sacos de lixo por pescadores irresponsáveis (Teixoeiros) e limpeza/afundamento excessivo da vala das Levadias em 2005 (lagoas com pouco água na Primavera e Verão e seca total em 2005 (levou ao avanço da vegetação das margens e acelerou o assoreamento natural))!

Manel disse...

Caríssimos frequentadores desta minha e vossa tasca, temos muito que fazer pela Gândara.

Maior que a preocupação em deixar uma Gândara boa aos vidouros será preparar melhores vindouros, que passa, também, pela denuncia do "ao que isto chegou com esta gente a decidir o futuro".

São disse...

Foi o conceito errado de turismo que desmoronou o Allgarve por completo.

Oxalá o mesmo não aconteça na Tocha.

Boa tarde.

António disse...

Acho que já aconteceu...em quase todo o nosso litoral!
No interior não foi nem é assim...graças à falta de capacidade no "patedo bravio" e seus aliados. Aliás, no interior temos Turismo de verdade, de grande qualidade, paisagens e gentes sãs!

Bruno E. Santos disse...

Sobre o "negócio paralelo do arrendar casa":
-Em 2004, umas pessoas conhecidas de Coimbra pediram-me para lhes procurar uma casa para arrendar uns dias, por ocasião da Passagem de Ano! Visitei algumas casas e encontrei uma que satisfazia as especificações deles! O dono disse que o preço era X, eu achei bem e não regateei! Telefonei-lhes para eles virem cá efectuar o pagamento e conhecer o dono! Passado 2 horas, eles vieram de Coimbra e o dono já pedia esse preço X inflacionado mais 66,6%! Os meus amigos ficaram chateados e recusaram, tendo eu ficado envergonhado por os ter trazido cá para isso!

Essas atitudes de vigarice rasca também lixam o negócio, não???

advheleno disse...

Oh Manel, cá está um tema que vale a pena.
Um "projecto de desenvolvimento turístico centrado na Praia da Tocha deverá ter integrado as actividades económicas da Gândara, assim como novas oportunidade de actividade e negócio" dizes tu.
Brilhante!
Então, vamos pensar nisso, porque pensar não cansa. E como dizia o outro "o principio, é o verbo".

Manel disse...

Caro Heleno,
Claro que sim!
O que é encessário é mesmo uma visão. Como se pode assumir uma missão sem a visão como goal?

Anónimo disse...

Aqui está um tema interressante-Praia da Tocha
Dizem que foi fundada por uns pescadores vindos do norte; Esmoriz/Furadouro; que ensinaram às gentes locais a técnica de arte xávega. Os primeiros gandareses ali a chegar instalaram-se ao abrigo da grande duna "primária", como bons "homo habillis" que são, a fim de se protegerem dos ventos agrestes oceânicos. Por isso construiram as primeiras palafitas no Largo/Fonte de S. João. E todos nós sabemos as aldeias de onde eram oriundos estes rapagões agricultores que agora se irão fazer ao mar. Para apoio da pesca, os mais ricos, construíram grandes armazéns sobranceiros ao mar. Os outros, que vieram mais tarde, já não tinham lugar ao abrigo da grande duna, e então construíram as suas palafitas em frente ao mar. O verdadeiro gandarez tinha de ter então pesca, agricultura, vinhedo ao entrar em terras bairradinas (leia-se Cadima), um moinho na vala que passa nas Cochadas, e os mais afortunados tinham ainda uma manada de gado bravo, que se apascentava no Inverno nos baixios das dunas; e no Verão fazia a transumância para as Bordas do Campo. Fantástico...subsistência total. Sobre os Palheiros o Ti Finfas, em tom jucoso, dizia que os caniceiros cortavam a madeira à medida do corpo,deitando-se para isso no chão, assim evitavam ir carregados com tábuas mais compridas, tal era a penosidade dos carros de bois atravessarem as dunas até à praia. Isto se o caminho não fosse apagado pelos ventos, acontecendo muitas vezes irem parar próximo de Quiaios ou Palheirão.
Mas ESSES, de tamanha valentia, na hora de lhe derrubarem os palheiros, e que fundaram os Palheiros da Tocha, foram relegados para um canto a norte, numa arquitectura duvidosa, qual bairro social.
Os novos senhores, agora com uma boa estrada, e construindo casas em alvenaria, diziam que aquilo era gente que não merecia estar na zona central. Por isso o pequeno terreno que ali tinham foi-lhe dado na exacta medida noutro local bem mais distante. Sem comentários...
Acabaram assim no Largo de S. João as últimas verdadeiras palafitas a troco de um espaço público. Parece que o projecto depois foi alterado e afinal nem todos saíram, voltando-se a construir no mesmo sítio, e agora pergunto; terá sido para enquadrar alguma habitação?
Claro que as pessoas não podiam viver naquelas condições, mas poder-se-ia salvar a história e a Câmara apossava-se dos palheiros, recuperando alguns deles para memória futura. Assim perdeu-se o património irremediavelmente, e não vale a pena construir réplicas, porque os mestres da madeira também já acabaram.
Mesmo assim temos uma praia bonita e razoavelmente enquadrada em termos urbanos.

Anónimo disse...

O meu amigo Manel quando ler o texto que antecede tem de ler a 2ª parte, que se encontra inserida nos comentários do blog "o gandares", onde aparece o teledisco dos "blid zero", onde o seu autor (do blog) refere "assim vamos lá..." presumindo eu que seja a dar enfase aquela frase "estamos no bom caminho..."
Eu, outrossim, diria, ainda vem que foram a tempo, senão amanhã já apanhavam como pano de fundo um hotel em vez de algumas casas de alvenaria forradas a madeira.

Esta parte não vai constar do livro "memórias de um pescador"
O incondicional