sexta-feira, maio 15, 2009

Post de 03 de Abril de 2006

As mensagens nos blogs são passageiras.
No entanto, recupero aqui umas messagens que debitei no passado.
Post de 03 de Abril de 2006.
Uma questão cultural e de confiança para a Gândara

É marcadamente sentida uma falta de confiança na economia da nossa região da Gândara, que não é mais do que resultado da depressão económica que o varre. As causas, entre outras, devem-se também a hábitos e comportamentos, erradamente promovidos e enraizados que urge mudar.
Ora uma mudança deste tipo, como proposta, não irá gerar no imediato grandes optimismos. Mas o realismo deve estar presente, mesmo com o multiplicar de inquietações, pois o que está também em causa, é a necessária sustentabilidade.
Não conseguindo mudar o mundo, isto é, só num pequeníssimo raio de acção é que a minha actuação poderá ter alguma pouca influência, daí recorrer a ideias de outros, ideias que aceito tais como, “quanto mais internacional sou, mais regional me sinto” e “pensar global e agir local”, a cujos autores peço desculpa em não os citar, meu desconhecimento e ignorância, o podemos ir mudando. Penso que deve ser a lucidez a inspirar-nos, e como a nossa realidade da economia local demonstra uma debilidade que temos que urgentemente alterar, a importância do poder local, ao contrário do que algumas ideias apregoam, deverá ser central na mudança e nos modelos de desenvolvimento.
Isto de forma alguma deverá ser entendido como sinónimo de proteccionismo, paternalismo ou estatismo disfarçado, mas sim, como um empurrão ao que são capazes de inovar e produzir inovação, no aliar das novas tecnologias ao tradicional, pois só com a inovação se rentabilizará e revitalizará .
Entre muitas faltas na nossa Gândara, falta um tecido empresarial e empreendedor, com a devida escala, que em algumas regiões se encontra, e como a administração local não tem sido capaz de produzir inovação, o seu novo papel deverá ser não o de fazer, mas sim o de “fazer fazer”.
Como falta massa crítica às pequenas e micro empresas, é com uma administração local que funcione com transparência, sem secretismos e que altere a sua postura cultural perante os munícipes, eliminando os procedimentos blindados e labirínticos, é cooperando que algo se pode atingir, e assim inverter este ciclo de decadência em que a mudança cultural é solução. Com o realismo necessário, isto é, com os pés bem assentes no chão, uma cultura de confiança, valorização da formação e da educação, que creditem a ética do trabalho e que premeiem os que assumem riscos, temos que ser cada um de nós, a assumir o enfrentar dos problemas, receios, lamúrias e bloqueios culturais.
A confiança é, também, uma questão cultural.
Publicada por Manel em 3.4.06
Nota de 15-05-2009: 3 anos depois, parece que a coisa está pior.
"A vida piora sempre, repete-se. Se não for na saúde, será nos problemas que a envolve, mais a vivência assumida."

4 comentários:

Cândido Rodrigues disse...

Caro Manel

Magnifico post e como sempre com uma visão da realidade que, infelizmente, quem nos "governa" não possui.
É por isso que esta sua "tasca" é visita obrigatória.
Cumprimentos,
Candido Rodrigues

aspirante a tacho disse...

Mentalidade... Somos portugueses... temos o que somos...
Acima de tudo as aparências. Quantos de nós "lambemos" as botas de quem tem uma "bomba" de automóvel, ou uma casa apalaçada (às vezes apalhaçada!!!), e nem nos lembramos de averiguar quem está a financiar tais coisas? E financiar, para mim, também é ficar com uma divida por tempo indeterminado...

Bruno E. Santos disse...

Se bem me lembro de há 4 anos atrás, vão possivelmente recomeçar a aparecer nos jornais de âmbito mais local, entrevistas com os ilustres e eminentes detentores de cargos no Poder Local, que possivelmente irão voltar a dizer algo do género:
- Na área a que eu presido, existe uma excelente qualidade de vida, uma economia local desenvolvida e em franco crescimento, excelente dotação de infra-estruturas e total ausência de desemprego!

Os pretendentes das oposições vão apresentar um quadro do contexto local nos antípodas do pessoal supracitado!

E os vários candidatos de todos os partidos, vão apresentar uma enorme lista de promessas que pretendem realizar! O problema é que algumas delas serão muito difíceis de cumprir, mesmo que tenham toda a honestidade e boa vontade do mundo, pois o órgão autárquico a que se candidatam não tem nem competência legal, nem dotação financeira para as realizar! Mas o povo desconhece e aplaude!

E eu para não variar, vou lá meter a cruz no que me conseguir convencer, ou possivelmente, no que me parecer o mal menor! E vou continuando a tentar existir vivo no "faroeste" da Europa por mais 3-4 anos, altura em que alguns Senhores se vão relembrar novamente de que vivem cidadãos à volta deles!

António disse...

Infelismente é assim.
Não só na saúde, mas em quase tudo, mas sendo a saúde o mais importante.
Pensar globalmente e agir localmente é na realidade a única solução.
Implementar este modo de agir não é fácil, contrariando desde logo o pensamento egoista, entranhado na cultura do Tuga.
Crie-se um Enclave, para começar!

Abraço