sábado, fevereiro 28, 2015

O folclore que anda por aí


Nos anos 30 do século passado os ranchos não eram folclóricos, mas sim, uns grupos tipo mais regional ou com alguns tipicismos, empurrados pela ascensão da propaganda Ditadura Nacional na formatação ideológica do Estado Novo. 
Os trajes foram criados para o efeito, assim como as músicas e as danças, baseadas no tradicional, não mais do que isso. O mesmo se passou com as marchas populares. 
Temos ainda alguns ranchos, mas poucos, do tipo “os Esticadinhos de Cantanhede”, como o exemplo de esforço em manter essa origem do rancho regional. Daí até ao aparecimento de ranchos federados na Federação de Folclore há uma história que se sabe, mas a meu ver é pouco conhecida, ou pouco divulgada.
Os tempos mudaram. A memória agrícola e os rituais cíclicos do tempo, a base do folclore e das nossas origens, já não fazem parte das actuais gerações, do país, nem das aldeias. Daí o definhar das tradições e o revitalizar das pseudo tradições.
Há o recente fenómeno fado, onde nem tudo o é, e as marchas dos santos populares, essas também herdeiras dos iniciais ranchos dos anos 30. 
O folclore, esse, anda por aí.


quinta-feira, fevereiro 26, 2015

O admirável tempo intoxicado que vivemos.




Este magnifico desenho eu o associo a certas "lutas" nas redes sociais, resultado desta autêntica central de intoxicação informativa que nos sufoca e que se replica  por aqui.
É este o admirável tempo intoxicado que vivemos.
Jacques Bellange, “Pelea entre ciegos”, ca. 1614, 31 x 21 cm.

A teimosa realidade



A realidade é teimosa e ganha-nos sempre por mais injusta ou benevolente que seja a cada um dos seus momentos.
Dizer que as coisas são como são a cada momento a pessoas que querem ouvir só aquilo que lhes convém é muitas vezes considerado como um tiro no pé, ser colocado à parte das opções dessas mesmas pessoas.
A realidade fez o seu caminho para aqui chegar, tem a história que tem e não aquela que nós gostaríamos que tivesse ou aquela que nós contamos, muito menos a que nos cantam e querem, e que assim nós a aceitemos.
A manada segue o caminho, pois mais vale errar em grupo do que estar só na razão.

quarta-feira, fevereiro 25, 2015

Mudança da paisagem

 
A lagoa secou por completo. Uma camada de lodo seco estalou em pedaços encarquilhados, côdeas soltas e estaladiças. Debaixo a areia seca e ainda fede a humidade e cheiro a enguias que se afundaram na terra atrás da fresquidão. A norte, a duna avançou sobre a antiga pastagem e está mais rasa devido ao afunilamento do vento que sopra pela valeira.

A inveja tem Facebook

 

A inveja tem Facebook
 
Quando o valor mais alto é a atenção recebida, e não sendo esta mostrada, o fulano facebookiano asseia por um gosto ou, ouro sobre azul, um comentário. 
Nesse sentido há fulanos que chegam a criar falsos perfis de pessoas conhecidas e consideradas na teimosa realidade que vivemos, apropriando-se de uma face que não têm.
A teimosa realidade, para essa pessoa, é um enorme deserto.
Lamente-se!

terça-feira, fevereiro 24, 2015

As ideias que nos andam impingir

Há muito bem-falante e escrevinhador sobre negócios pelas redes sociais e em especial nos Mídias, que nunca tiveram ou sentiram o stress negocial em que do outro lado se sentam representantes de grandes grupos económicos, suportados com milhões dele. Repito milhões dele.
É que isto de usar frases e termos da moda do momento de pouco serve.

segunda-feira, fevereiro 23, 2015

O conselho que eu não segui


Depois não te queixes se tiveres problemas! Tu bem sabes que isto da liberdade a mais é o que dá. Tu sabes que depois não terás as facilidades de arranjar um emprego no Estado, como cantoneiro na estrada ou mesmo o poderes ir para a Guarda-fiscal depois de fazeres a tropa, claro. Tens que ter tento nessa língua, não andares por aí a fazer essas partidas de Entrudo. Tens que ter cuidado com os papéis e jornais que andas a ler no café, tens que ter cuidado, pois olha à tua volta, todos os que estão em bons empregos, como os que te disse, andam aí mansinhos, mas andam bem, são respeitados e logo tu, um rapaz de boas famílias e inteligente, andas sempre metido em sarilhos. Mas já agora amostra cá o que diz esse papel que tu aí tens! Amostra cá, pois também quero saber quem escreveu tal coisa. Tu tem cuidado, que assim não arranjarás emprego no Estado, nem para cantoneiro, Guarda Fiscal ou mesmo para a Câmara, pois tu até és inteligente tu sabes isso, claro, que eu já te tinha dito.

A valiosa excepção


Há um bailado caoticamente ordenado vindo do caos e a caminho de caos, um vórtice galáctico arrastando uma insignificante estrela que embrulha, helicoidalmente, uns planetas que nada representam na negrura do vazio.
A luz que emana dos inúmeros vórtices sugadores dos universos que existem, e que devem existir muitos outros além deste, os multiuniversos do outro lado dos vórtices, engolidores de matéria, energia, luz e outros vomitadores. Do outro lado do vórtice luz, matéria e tempo formam um vómito único.
O sol, esse invicto deus criador, se não existisse, não teria qualquer significado ou importância para o vórtice em que se despenha e arrefece.
Seguimos neste bailado e não nos detemos a pensar na existência sem importância, onde a regra é o negrume vazio e a luz que viaja nele é a excepção.