quinta-feira, agosto 02, 2018

Tanto aço, um só tipo de sapato



Estamos a ser governados, falo a nível global, pelos números do desempenho. Isto vem no seguimento do que por aí se repassa nas redes sociais, que a humanidade começou ontem a viver a crédito do planeta.
Este problema do crescimento pelo crescimento está a levar-nos ao desperdício poluente do nosso planeta e da nossa vida. Em vez de definirmos o trabalho como concluído com a tarefa ou a obra feita, estamos a trocar tudo isso por coisas a que chamamos objectivos, onde as regras do jogo e os números a apresentar mudam constantemente. Uma corrida de loucos.
Estamos a repetir erros do passado, parecendo cair sempre nas mesmas armadilhas.
Nas economias planificadas do século passado, atingir os objectivos dos planos quinquenais era fundamental para os gestores. Assim estes eram sempre atingidos e até superados como se pode confirmar pelas notícias da época, graças à fraude contabilística, que era regra usada por todos, pois ninguém tinha coragem de a denunciar para não cair em desgraça.
Um exemplo foi de um plano quinquenal da RDA com um aumento significativo de produção de aço. Atingido o objectivo, para dar seguimento ao uso de tanto aço, uma fábrica de tractores começou por aumentar o peso dos mesmos, reduzindo assim a eficiência dos equipamentos. É caso que prova que era tanto aço, e um só tipo de sapato.
Hoje, na globalização usada como ferramenta neoliberal, o lucro pelo lucro está fazer ainda pior do que as economias do passado fizeram. Não é possível um crescimento infinito num planeta finito. Isto é radical, coloca em causa as ideias vigentes, que apesar de andarem a tratar o assunto com os paninhos quentes do “desenvolvimento sustentável”, seguem o caminho do desperdício. Teremos que reduzir a produção de lixo e especialmente o consumo, isto é, decrescer.
Deveríamos começar pelo decréscimo do consumo voluntário e criterioso.
Eu já pratico.

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