Estamos em Junho de 2018 e recordo
aqui o que publiquei em Julho de 2008.
Nunca imaginei que viesse o queimo
que tudo levou, deixando as pessoas cá das areias a negarem o óbvio como quem
ainda não caiu na realidade.
O Poder Local deve estar a fazer
qualquer coisa, mas o quê eu não sei. Mas se calar eu nem tenho nada que saber,
pois parece que até nem são contas do meu rosário. No entanto lembro que eu
também sou vítima da catástrofe de 15 de Outubro, pois as minhas propriedades
florestais foram comidas pelo fogo.
Tal qual a maioria dos meus
vizinhos, eu não vivo da agricultura. Somos herdeiros de terra que estava
organizada para um uso que hoje se apresenta como obsoleto, que serviu até
meados do século passado.
O que vem aí será bem mais difícil
de resolver, e as catástrofes estão anunciadas.
Limpemos à volta das habitações.
Assim teremos mais possibilidade de minimizar estragos futuros.
Terça-feira, julho 01, 2008
A desertificação da Gândara
Não estou a afirmar que a
Gândara deixou de ser verde! O que quero dizer é que está a ficar deserta em
termos agrícolas, ao abandono, sem população activa e em exclusão rural. A
Gândara, a velha Gândara agrícola que se afirmou como tal, definha e morre. Foi
excluída, tal como a maioria do país rural, da Política Agrícola Comum
desenhada para a agricultura de alguns países. Entre estes, temos a França como
exemplo. Foi o então primeiro-ministro Cavaco Silva, o primeiro-ministro que
mais votos teve do mundo rural, o que mais esqueceu a Agricultura abandonada
por Bruxelas, levando à transformação dos agricultores em serventes das obras
que agora entulham as cidades. Depois vieram outros que se limitaram a gerir
ajudas e subsídios comunitários, faltando uma política que seja activa na
promoção da sustentabilidade agrícola e ambiental. Depois do deserto cheio de
eucaliptos do Sr. Cavaco Silva, os primeiros ministro que lhe seguiram até
parecem julgar que a dita árvore australiana de origem passou a ser autóctone,
enquanto o tecido social agrícola da Gândara está degradado, onde o mato e as
silvas tomam conta das terras.