quarta-feira, dezembro 11, 2019

Crescimento, um dogma a abater.


Crescimento, um dogma a abater.
Para perceber o tempo que vivemos hoje em termos de transformações ecológicas, económicas e socias, devemos olhar para o experimento de Lavoisier, que usando uma balança, o único instrumento que tinha à mão, concluiu “na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, ou seja, tudo o que existe à nossa volta provem do já existente, passando a ter outras formas, tomando novas qualidades, citando Luís Vaz de Camões. Tudo vem do planeta, retirado do solo, do ar ou da água, e tudo retorna ao mesmo planeta, mas de outra forma. Tu és pó e ao pó voltarás (Gens 3,19).
Hoje vivemos um tempo do usa e deita fora. As pessoas, em especial aquelas que conhecem a conclusão de Lavoisier, parecem- na ignorar, desconhecê-la no seu uso prático e dos resultados que daí advêm, e outros que dizem conhecer o conceito de entropia, também não lhe dão qualquer uso pessoal. Como tudo isto à nossa volta flui num tempo que é o nosso, e diferente do de todos os outros, os desarranjos resultantes das transformações económicas e sociais não estão a entrar como produtos do processo, sendo desprezados e desvalorizados apesar de conhecidos os seus resultados nefastos. Estamos teimosamente a querer retirar a todo o custo do processo o produto chamado crescimento, só porque sim, pois só aí está a salvação, ouvimos a todo o momento dos altifalantes dos novos púlpitos e minaretes que teimosamente nos catequizam.

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