Às vezes acordo como com a ideia que posso
organizar o meu futuro.
Depois, olhando a memória, a realidade foi
sempre teimosa, ganhou-me sempre a aposta, trazendo-me aqui apesar de esta ter encontrado
este outro teimoso pela frente, pois uma teimosa nunca teima sozinha, terá que
teimar com alguém, em última análise teima com a realidade, essa teimosa
suprema. A realidade é teimosa, e a todos embrulha no papel que fazemos no
teatro da vida sem grande controlo do futuro.
Não há futuro para além daquele que já
sabemos, que tudo será pior que hoje, já que tudo piora.
A tecnologia, essa salvadora, é agora a
ferramenta usada para o ser supremo nos escravizar.
Depois do feito ida à Lua, não resolvemos, porque
não reconhecemos a nossa ignorância em não evitar o derrame de uma simples gota
de óleo num rio. Não falo na irradicação da fome no mundo, que aí já nós
sabemos que assim é que está bem, que há pessoas que não podem conhecer outra
coisa, e que é assim que corre a notícia.
Até parece que os pobres foram convencidos,
pelos poucos ricos claro, que tem mesmo que ser pobres, enquanto a catequese do
futuro salvífico aí continua a encher os canais de informação, agora cada vez
mais controlados, usando essa tecnologia e conhecimentos avançados, cada vez menos
por nós planeado.
Enganam-nos quando nos dizem que temos futuro,
tal como um slogan eleitoral, mas caso as respostas das pessoas não sejam
dentro do padrão desejado, não se coíbem em passar a mensagem que não há
futuro, que tudo será tão mau, que o menos mau já é bom, mas o futuro que a
divindade suprema nos impõe.
Há 40 anos os padres, nas homilias, falavam de
um plano divino, como se fosse um determinismo divino em que todos os
resultados do somatório dos esforços humanos como de um esforço divino se
tratassem. Agora o ser supremo assim aplica o plano. Agora as homilias não
referem mais o lugar de choro e ranger de dentes, o inferno. Agora, o lugar é
outro. As ameaças de banca rota, dívida e deficit, são os terramotos e dilúvios
resultado dos pecados da sociedade que despertou a ira do novo ser supremo.
Condenações aos que não seguem esta nova lei divina são apregoadas. São hereges
a serem lançados à fogueira da clandestinidade, ostracização e silenciamento.
Os subversivos serão derrotados, pois o senhor é o senhor do dinheiro que
compra os exércitos.
Como se a culpa principal fosse dos partidos
políticos.
Do que sei, os partidos políticos não passam
de associações de pessoas. A ideia de que são os culpados de todo o mal, vem da
ideia veiculada constantemente pelos fazedores de opinadelas, e posteriormente
replicadas em câmara de eco primeiro pelos emails e agora pelas redes sociais,
estes sim ao serviço de algo mais obscuro, dado que mesmo servindo-se das
pessoas que vivem à babuje dos partidos, quando os votos, as leis, os
tribunais, incluindo constitucionais, e outros entraves e estorvos à propagação
da actual boa nova, as sociedades criaram para sua organização.
É efectivamente por aí, vindos das escolas da
ideia vigente, garotos ambiciosos nos governam, denegrindo, até, os partidos
que os pariram, ultimamente têm colocado, também, no poder alguns de cabelo
pintado de preto, mas estes são ainda mais manhosos que os primeiros, que
costumam atacar os salvadores. Escolhido o alvo, e quando a coisa tiver a massa
crítica, mesmo a da indiferença que funciona sempre para o seu lado, aparecerão
no seu esplendor. O esplendor dos ditadores de capas pobres e discretas.