terça-feira, julho 10, 2018

Um problema do Diabo




Às vezes acordo como com a ideia que posso organizar o meu futuro.
Depois, olhando a memória, a realidade foi sempre teimosa, ganhou-me sempre a aposta, trazendo-me aqui apesar de esta ter encontrado este outro teimoso pela frente, pois uma teimosa nunca teima sozinha, terá que teimar com alguém, em última análise teima com a realidade, essa teimosa suprema. A realidade é teimosa, e a todos embrulha no papel que fazemos no teatro da vida sem grande controlo do futuro.
Não há futuro para além daquele que já sabemos, que tudo será pior que hoje, já que tudo piora.
A tecnologia, essa salvadora, é agora a ferramenta usada para o ser supremo nos escravizar.
Depois do feito ida à Lua, não resolvemos, porque não reconhecemos a nossa ignorância em não evitar o derrame de uma simples gota de óleo num rio. Não falo na irradicação da fome no mundo, que aí já nós sabemos que assim é que está bem, que há pessoas que não podem conhecer outra coisa, e que é assim que corre a notícia.
Até parece que os pobres foram convencidos, pelos poucos ricos claro, que tem mesmo que ser pobres, enquanto a catequese do futuro salvífico aí continua a encher os canais de informação, agora cada vez mais controlados, usando essa tecnologia e conhecimentos avançados, cada vez menos por nós planeado.
Enganam-nos quando nos dizem que temos futuro, tal como um slogan eleitoral, mas caso as respostas das pessoas não sejam dentro do padrão desejado, não se coíbem em passar a mensagem que não há futuro, que tudo será tão mau, que o menos mau já é bom, mas o futuro que a divindade suprema nos impõe.
Há 40 anos os padres, nas homilias, falavam de um plano divino, como se fosse um determinismo divino em que todos os resultados do somatório dos esforços humanos como de um esforço divino se tratassem. Agora o ser supremo assim aplica o plano. Agora as homilias não referem mais o lugar de choro e ranger de dentes, o inferno. Agora, o lugar é outro. As ameaças de banca rota, dívida e deficit, são os terramotos e dilúvios resultado dos pecados da sociedade que despertou a ira do novo ser supremo. Condenações aos que não seguem esta nova lei divina são apregoadas. São hereges a serem lançados à fogueira da clandestinidade, ostracização e silenciamento. Os subversivos serão derrotados, pois o senhor é o senhor do dinheiro que compra os exércitos.

Como se a culpa principal fosse dos partidos políticos.
Do que sei, os partidos políticos não passam de associações de pessoas. A ideia de que são os culpados de todo o mal, vem da ideia veiculada constantemente pelos fazedores de opinadelas, e posteriormente replicadas em câmara de eco primeiro pelos emails e agora pelas redes sociais, estes sim ao serviço de algo mais obscuro, dado que mesmo servindo-se das pessoas que vivem à babuje dos partidos, quando os votos, as leis, os tribunais, incluindo constitucionais, e outros entraves e estorvos à propagação da actual boa nova, as sociedades criaram para sua organização.
É efectivamente por aí, vindos das escolas da ideia vigente, garotos ambiciosos nos governam, denegrindo, até, os partidos que os pariram, ultimamente têm colocado, também, no poder alguns de cabelo pintado de preto, mas estes são ainda mais manhosos que os primeiros, que costumam atacar os salvadores. Escolhido o alvo, e quando a coisa tiver a massa crítica, mesmo a da indiferença que funciona sempre para o seu lado, aparecerão no seu esplendor. O esplendor dos ditadores de capas pobres e discretas.


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