Tenho memórias daquele meu tempo de infância de catequese do medo. Medo do pecado, do inferno e do medonho fim do mundo que estava próximo.
As vincadas sessões de catequese dominical eram ministradas pela velha freira, a irmã da leprosaria, que seria a que hoje chamaríamos de meia-idade, mas para a criança seria velha nesse tempo dos muito velhos. Decorria o tempo, soube-o mais tarde, de um tal Concílio do Vaticano, o segundo, em que “até o Caredo passou a ser diferente”, e Deus Nosso Senhor deixou de perceber Latim, esse linguajar único e intraduzível foi substituído por um bem mais familiar, mas de igual modo incompreensível. O mulherio de negro lá continuou nas mesmas contrições, desfiando contas de Rosário de bichibichis em surdina.
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