terça-feira, fevereiro 27, 2018

Mexe-te!


Atinge o ponto da dormência. Os olhos ficam semicerrados e a vista como a ordenar o dormitar, esforçando o olhar como que uma névoa se formasse em seu redor. A saliva, ainda com o sabor do pedaço de pão comido pela manhã, escorre pelos cantos internos da boca, por entre as gengivas. Se pudesse, voltaria para a cama, aproveitando o embalo da fria chuva morrinha que se vê para além do alpendre, a sumir-se pelos pinhais adentro.
Mexe-te, pensou! Mexe-te que os gestos arrebitam qualquer um.


Chove


Chove como se os astros estivessem a pedir desculpa da pouca água que nos têm dado. Mais um trovão ressoa em estrondo como a marcar o ritmo das bátegas de água contra a vidraça. Ouve-se mais um ribombo, e após uns poucos segundos do clarão relampejante. O ritmo da chuva parece amainar, talvez efeito dos estrondos celestes. Os pingos cantam na vidraça da janela como se fossem pequenos grãos de areia lançados por uma mão invisível. Ao longe voltou-se a ouvir um trovão e a intensidade da chuva abranda, indo-se embora, para outros lados, a magra bênção.

segunda-feira, fevereiro 26, 2018

Conversa fiada


A conversa já estará a meio?
Fala-se de tudo e de nada, de modo a que já se fala só por falar, com o som das palavras a entrarem e a saírem sem terem qualquer efeito nas coisas a fazer, e isto cansa, dá sonolência a meio da manhã.
Apetece fruir das coisas mais simples e gostosas, pois sente que deve existir gente que nem imagina a existência de tais situações e momentos.
E por aí foram com a conversa, com a ideia de voltarem um belo dia à felicidade.
É a meio da manhã e apetece-lhe soltar a rédea à sonolência, e fazer uma sesta matinal.
Afinal o nonsense invadiu-lhes, a todos, os pensamentos.
A conversa continua com o mesmo tom e monocórdica.


Trocar trabalho por salário



Trabalho de apito.
O apito tocou para a paragem da bucha, cigarro, mudar momentaneamente de postura corporal.
O martelador na sua função de martelar com a sua ferramenta o martelo, estava com o braço no ar, de martelo em riste pronto para o acto, baixou-o, estranhamente, com doçura e sensibilidade.
Trocar trabalho por salário.

Afinal o nonsense existe




A conversa estará a meio? Fala-se de tudo e de nada, de modo a que Já se fala por falar, com o som das palavras a entrarem e a saírem sem terem qualquer efeito nas coisas a fazer, e isto cansa, dá sonolência a meio da manhã.
Apetece fruir das coisas mais simples e gostosas, pois sente que deve existir gente que nem imagina a existência de coisas simples e gostosas.
E por aí forma, em busca de voltarem, um belo dia, à felicidade
É a meio da manhã e apetece-lhe soltar a rédea à sonolência, e fazer uma cesta matinal.
 Afinal o nonsense invadiu-lhe os pensamentos.

O contínuo nonsense!




A falta que faz um lápis e uma turquês!
O nonsense invade os pensamentos. Neste caso não é um estilo de humor, mas a quase realidade á sua volta, a cerca que sempre quis afastada.
Continua o nonsense!

terça-feira, fevereiro 06, 2018

A trampa, mais uma vez



Mais uma vez, a trampa.
Os chamados órgãos de comunicação social, em especial as TVs, estão uma autêntica vergonha. Sintoma das falências das linhas editoriais e das empresas que suportam tais ditos meios?
Estar à espera de uma coisa tipo espécie chamada conferência de imprensa do presidente do Sporting, que se apresentou como patética para seguidamente os canais televisivos alertarem as suas programações, a ponto de colocarem uma cambada, cambada é termo forte, a explicarem aos pategos o que o totó acabou de dizer, me trouxe à lembrança umas férias que um senhor interrompeu, com sacrifício elevado, para falar acerca dos Açores.
Oh TVs, oh chamados OCS, ide-vos catar para longe, de forma que o cheiro trazido pelo vento me poupe um pouco as narinas.

Apesar de não ter visto a peça, obra-prima do jornalismo, o dia seguinte dos OCS, redes sociais, etc., me têm bombardeado que, eu sinto-me incomodado, pois não vivo numa redoma estanque a esta trampa.

quinta-feira, fevereiro 01, 2018

A terra também apanha calos.



A terra também apanha calos.


O número de poças de lama e lavacheiros do caminho aumentam à medida que o caminho entra aldeia adentro. Pequenos charcos malcheirosos, resultado da busca contínua de fertilizante para o amanho da terra que nos enche a barriga e tapará de vez a boca, apesar da tentativa do vizinho da frente em tapar os buracos na estrada com cacos do alguidar que os gatos feitos em arame de ferro não conseguiram unir, restos de uns adobos e um monte de conchas de cricos (berbigões) depois de comidos com uma rodela de cebola e um finíssimo fio de azeite, que para ali foram chapados com o resto de sal reimoso a quando da limpeza da salgadeira. Caminha-se a passo com dificuldade por estas terras de Deus quando as águas do céu se abrem, mesmo com o sol a enxugar, que a terra batida e calcada sempre no mesmo sítio também apanha calos.