Que se lixem as eleições.
Parece que vai haver eleições no início do Outono.
«Sabes o que me lembra este céu? Mais ou menos: a guerra dos astros. Tal e qual. A guerra dos mundos. Um sol maléfico, que tenta destruir a maquete, e sete planetas menores que tentam defendê-la.» [Finisterra, Carlos de Oliveira]
quarta-feira, julho 22, 2015
terça-feira, julho 21, 2015
Todos a ver e Ninguém a enxergar.
Modelo de negócio: espoliar pessoas.
Quando o negócio é feito no embuste das hipotecas, no seguro
dos pagamentos, na manipulação de taxas, nas operações com informação privilegiada,
dá-me para perguntar se tanta honestidade, tanto rigor, não serão mesmo a base
do negócio modelo de espoliar pessoas, onde a palavra corrupção não tem lugar.
É que a corrupção é só para as pessoas e organizações pobres.
Para o sistema bancário e financeiro que governa o mundo, ela chama-se transparência.
Todos a ver e Ninguém a enxergar.
quinta-feira, julho 16, 2015
A pobreza que nos espera?
O Syriza já está destruído, podemos agora salvar a
Grécia?
Chegará o momento em que tiraremos
as mãos das carteiras e as poremos na consciência. Chegará o momento em que já
não veremos os ricos que roubaram mas os pobres que ficaram. Em que não
quereremos ressarcimento mas reparação. Em que perceberemos que não se pede
sequer solidariedade, mas piedade. Em que nem os sádicos se divertirão com a
espetáculo degradante dos políticos gregos. A União Europeia foi longe de mais
na violência estéril e vingativa. Para destruir o Syriza está a ceifar-se um
povo. Já não é indignação, é súplica: SOS Grécia. E se tudo o resto falhar,
apele-se à inteligência, que não é de esquerda nem de direita, pois é preciso
mudar aquele plano que, além de horrível, é burro, é mau, é pior para todos.
Nos palácios de Bruxelas, nos sofás de Berlim ou mesmo nos bancos
de jardim de Lisboa permanece apetecível distribuir culpas e medir
ideologicamente o debate. Mas nas ruas de Atenas já passámos essa fase. Sobra o
desespero de saber que nada vai valer a pena porque pagar ou não pagar parece
indiferente, o tudo ou nada resultará sempre no pouco, no de menos, no
insuficiente, porque o plano não funciona. Repito: a Grécia vai ter uma
recessão pior do que a que os Estados Unidos viveram na Grande Depressão de
1929. Repito: o plano económico vai falhar porque foi concebido para falhar.
Repito: desistimos dos gregos e resistimos a ver o desastre encomendado.
O bloco liderado pela Alemanha ficou tão furioso com o desplante
do senhor Alexis Tsipras na marcação do referendo que quis devolver-lhe em
dobro a lição de superioridade. Até se percebe a fúria, que segundo os relatos
da reunião de domingo do Eurogrupo fez com que o senhor Wolfgang Schäuble
berrasse. Alexis Tsipras foi arrogante, marcou um referendo pérfido e achou-se
nimbado de invencibilidade com os resultados, como se fosse dar uma tareia
moral aos demais estados membros. Mas a Alemanha quis tanto destruir o Syriza,
por vingança e por dissuasão a que outros países elejam partidos radicais, que
perdeu a noção da força. Mais um pacote recessivo vai destruir mais economia e
mais emprego numa economia já exangue.
A vitória sobre Tsipras foi retumbante. Até o perdão da dívida,
que o Syriza sempre reivindicou, é agora formalmente admitida pelo FMI, mas de
forma a culpar o partido, que não tem nada para mostrar. É ridículo ouvir
Alexis Tsipras dizer que assinou um acordo em que descrê. É degradante vê-lo
tripudiar o próprio Syriza e ancorar-se nos deputados dos partidos que detesta
e que o detestam a ele. É assustador ouvir a presidente do Parlamento (que pertence
ao Syriza e se junta aos 40 deputados que se afastaram de Tsipras) falar em
genocídio social. Mas a humilhação suprema talvez seja ver Tsipras dizer que
não há alternativa. Tsipras, o temível mastim indomável, está amestrado como um
caniche. Dá dó. A direita rejubila. Também dá dó. Porque ninguém para, escuta e
olha para perceber na loucura que estamos a patrocinar.
A loucura de ver um povo desesperado que, depois de cinco anos de
austeridade duríssima, tem prometida nova dose de austeridade duríssima. A
loucura de tornar o pagamento da dívida mais insustentável do que nunca, pela
destruição económica provocada – se a Grécia sai do euro, os credores podem
esquecer, vão receber raspas. A loucura de segregar dentro da União Europeia,
cavando um fosso que nos vai apartar sabe-se lá até que lonjuras.
A Grécia só se livra desta sarna se, além do perdão de dívida que
de qualquer forma terá, tiver um programa de estímulo económico. O mundo,
aliás, só recuperou da Grande Depressão dessa maneira. Percebe-se a pulsão de
obrigar o país a adotar as reformas estruturais nunca adotadas, incluindo a de
ter um Estado que funcione e que cobre impostos. Mas não é destruindo o espaço
político e aniquilando a economia que tal vai ser conseguido. A violência na
Praça Syntagma é desenrolada por grupos anarcas ruidosos as pouco
representativos. A miséria que se alastra, não: é de todos.
É preciso mudar o plano. Somar à austeridade um programa de
investimento que estimule a economia e que apoie casos sociais de pobreza. Isso
é ser inteligente, até porque é a única forma de tentar recuperar parte da
dívida. Talvez a linha dura dos alemães queira apenas humilhar o Syriza e tenha
feito um plano para que, depois da capitulação de Tsipras, mude o plano para
melhor. Até seria bom que isso fosse verdade. Seria maquiavélico mas, ao menos,
saberíamos que a loucura iria mudar. E que, portanto, a Grécia haveria de ter
saída da crise em vez de uma saída do euro. Para já, o que vemos é o que temos,
um país inteiro a afundar-se na desgraça.
Os gregos
estão desesperados porque a situação é desesperante. Coloquemo-nos no lugar
deles por um minuto: um governo de extrema esquerda ajoelhado depois de cinco
anos de tareia, de desemprego e de austeridade, depois de décadas de corrupção
e roubo institucionalizado com os governos de centro. E o que lhes dizem que se
segue? Pobreza. Talvez a esta hora também estivéssemos na rua.
quarta-feira, julho 15, 2015
O jornal Expresso trata os seus leitores como analfabetos mediáticos.
Depois de” não sei quantos anos a fazer opinião” o jornal
Expresso altera o slogan para “liberdade para pensar”.
É mesmo um caso em que a língua foge para a verdade.
O jornal Expresso trata os seus leitores como analfabetos
mediáticos.
terça-feira, julho 14, 2015
O fim-de-semana em que a Europa
OPINIÃO
O fim-de-semana em que a Europa morreu
A União Europeia são 28 e no fim obedece-se à Alemanha. O Eurogrupo são 19 e no fim e no princípio obedece-se à Alemanha.
Ao contrário do que por vezes dizemos, a União Europeia não é uma organização de estados, nem um conjunto de tratados, nem sequer um conjunto de territórios e de nações, nem sequer uma história comum. A União Europeia é uma ideia. Um sonho de um certo futuro. Um sonho simultaneamente generoso e ambicioso, um sonho feliz como são os sonhos que sonhamos para os nossos filhos. E foi em nome dessa ideia, desse sonho comum de um futuro justo e próspero, que todos estes países, todas estas nações com tradições e línguas diferentes, com um passado carregado de guerras entre si, deram os difíceis passos de construção desta entidade que foi preciso inventar, a que chamamos hoje União Europeia, e que gostámos de imaginar que poderia representar as mais belas tradições da Europa, esconjurar os terríveis demónios do nosso continente e ser um farol para o resto do mundo.
Este sonho de uma Europa que seria a casa natural da democracia, um clube de democracias, uma associação de estados diversos mas solidários e iguais em direitos, regido pela equidade, pela justiça, pela liberdade, pela razão e pela cultura, pela defesa dos direitos humanos e pelo amor da paz, cosmopolita e aberto ao mundo, pátria de acolhimento dos que procuram a justiça e o progresso, fonte de entendimento nas relações internacionais, exemplo de um desenvolvimento harmonioso e respeitador das pessoas e da natureza, morreu este fim-de-semana em Bruxelas. A Europa, tal como a sonhámos, é morta.
O velório vai ser longo e doloroso e espera-se apenas que o enterro, ainda sem data marcada, ocorra antes de o cadáver entrar em decomposição. Mas o cheiro, que até agora tem sido disfarçado com perfumes, vai rapidamente tornar-se insuportável para o nariz de qualquer democrata.
Uma ideia é uma coisa poderosa, capaz de mudar o mundo e de mobilizar milhões. Mas é também frágil. E a ideia da Europa não resistiu a uma noite de “waterboarding mental” como aquela a que foi submetido o primeiro-ministro grego, depois de um fim-de-semana de chantagem, de mentiras espalhadas por poderosas máquinas de propaganda (“A Grécia quer viver à custa dos contribuintes europeus”) e de um permanente destilar de ódio contra Atenas.
O ataque à Grécia está ainda em curso e o seu desenlace ainda não se conhece mas, seja qual for a sua evolução, ele já destruiu a Europa.
Teria sido mais honesto se Angela Merkel e Wolfgang Schäuble tivessem enviado os tanques alemães invadir a praça Syntagma e tornar a pilhar abertamente a Grécia como o fizeram as tropas nazis há setenta anos. Mas o que a Alemanha e os seus cúmplices fizeram tem menos riscos e é mais lucrativo. A guerra de hoje ganha-se com “banks instead of tanks”.
O que a Alemanha fez, sob a direcção de Schäuble, a aquiescência de Merkel, a cumplicidade gananciosa de meia dúzia de países e a assistência de uns quantos servos solícitos como Passos Coelho e a hesitação de uns políticos medrosos, como Hollande e Renzi, foi a ocupação da Grécia e a substituição do que restava de democracia por uma ditadura financeira. Não foi uma ocupação militar, mas foi uma ocupação, que roubou a Grécia da réstia de soberania que lhe sobrava.
A União Europeia passou de “clube das democracias” a uma ditadura financeira - assim, sem aspas - executada pela Alemanha e que não tolera o mínimo desvio aos seus ditames. As democracias podem fazer eleições e escolher governos desde que estes façam exactamente o que Berlim e a banca internacional ditam. E, se não o fizerem, arrepender-se-ão amargamente.
Que a austeridade não funciona para resolver os problemas que diz resolver (dívida, crescimento, emprego, competitividade) todos o sabem. Por que razão então a imposição deste “catálogo de atrocidades”, como ontem a revista alemã Der Spiegel chamava às imposições feitas à Grécia? Para dar o exemplo. Para castigar o país que ousou pensar em soberania. Para humilhar o país que ousou convocar um referendo que desafiava Bruxelas e Berlim. Para dobrar a espinha do partido que ousou exigir as reparações de guerra devidas pela Alemanha. Para garantir que nenhum dos países devedores tem veleidades de independência e estraga as contas da Alemanha, a quem convém que haja países endividados que não só lhe pagam juros todos os trimestres, como importam automóveis e submarinos alemães aumentando as suas dívidas, como ainda afugentam dos seus países os investimentos que acabam por cair no colo de Berlim.
A austeridade não é um remédio amargo que a Grécia não quer tomar. É uma invasão de um país por meios não militares, uma usurpação da democracia, uma substituição de governos democráticos e uma forma de eternizar a submissão política dos países. A austeridade é o novo colonialismo. E a União Europeia tornou-se a sua ponta de lança.
Outra lição que este ataque à Grécia nos oferece é que o desejo de hegemonia da Alemanha não é uma fantasia de paranóicos empenhados em desenterrar fantasmas desaparecidos há muito. A Alemanha não esconde aliás essa veleidade. As propostas de Schäuble (como o sequestro de 50 mil milhões de euros de bens, que a Grécia só poderá reaver se pagar um resgate, como nos raptos) acabaram todas por surgir nos documentos, mesmo quando todos pareciam achá-las excessivas.
quinta-feira, julho 09, 2015
A indigestão
Iogurte indigesto
“Carthago delenda est” foi a frase final dos discursos, da anterior
semana, feitos senhor da cadeira presidencial onde se senta.
Quase uma semana depois de uma indigestão com iogurte
grego com que se empanturrou, ainda não saiu da casinha de banho, nem com a
ajuda do IMODIUM RAPID, para voltar a colocar faladura rouca e terminar com
o já habitual “ Carthago delenda est”, mesmo que seja absurdo.
quarta-feira, julho 08, 2015
Heresias (this post is bad )
Heresias (this post is bad )
Os chamados mecanismos financeiros
são ferramentas na posse de pessoas que não conhecemos, não eleitas, aos quais
as ditas instâncias europeias obedecem, os tais credores sem rosto.
Sinto que qualquer mudança
suportada em voto popular acaba no legitimar dos interesses do grande Deus
Mercadus.
Deuteronómio
10-17: “Pois o Senhor vosso Deus é o Deus dos deuses, e o Senhor dos senhores,
o Deus grande, poderoso e terrível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita
recompensas”
segunda-feira, julho 06, 2015
domingo, julho 05, 2015
O referendo grego após a vitória do Não.
Um espectáculo os
comentadores das TVs na abertura dos telejornais!
Depois de prepararem
as intervenções para uma coisa, ao sair-lhes outra, os cérebros deles atá
patinam e largam fumo pelas orelhas.
Como diria o
Fernando Mendes: espectáculo!
sábado, julho 04, 2015
A guerra instalada
A guerra instalada
Quando numa negociação se debate mais um ou menos uma migalha
no caminho que já é o conhecido.
Quando o diálogo se torna impossível, qualquer solução será de
ruptura com o caminho que aqui nos trouxe e que se mostrou errado.
Quando as regras europeias estão em contradição com a democracia e
o estado social.
Como o FMI e BCE não estão preparados para a democracia.
Ganhe o Sim ou Não na Grécia, os resultados serão igualmente
trágicos.
O que aí vem para a Europa e Portugal é o pior.
sexta-feira, julho 03, 2015
quarta-feira, julho 01, 2015
O importante é a vida, não a arquitectura, e a vida é um instante
“O importante é a
vida, não a arquitectura, e a vida é um instante”
(Óscar Niemeyer)
Vivemos o tempo em que
o credor não quer que a dívida dos estados e das famílias seja efectivamente paga, nem ele espera recebê-la na totalidade, pois esta é o seu instrumento
de dominação.
Usada como ferramenta
de escravatura dos novos tempos que vivemos, em que ela é efectivamente
dinheiro, o “ não existe alternativa” continua, assim, a ser o novo AMEN das
orações diárias ao deus reinante, pregadas constantemente às pessoas
Sejamos hereges, pois
a salvação que esses pregadores anunciam não existe.
Repetindo o que disse
o grande arquitecto Niemeyer, o importante é a vida, não a arquitectura, e a
vida é um instante para não ter medo do
espaço livre, pois esse mesmo espaço faz parte da arquitectura.
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