O analfabeto mediático é tão burro que se orgulha e estufa o peito para dizer que viu/ouviu a informação
no Jornal Nacional e leu na Veja, por exemplo. Ele não entende como é produzida
cada notícia: como se escolhem as pautas e as fontes, sabendo antecipadamente
como cada uma delas vai se pronunciar. Não desconfia que, em muitas tevês,
revistas e jornais, a notícia já sai quase pronta da redacção, bastando ouvir
as pessoas que vão confirmar o que o jornalista, o editor e, principalmente, o
“dono da voz” (obrigado, Chico Buarque!) quer como a verdade dos fatos. Para
isso as notícias se apoiam, às vezes, em fotos e imagens. Dizem que “uma foto
vale mais que mil palavras”. Não é tão simples (Millôr, ironicamente,
contra-argumentou: “então diga isto com uma imagem”). Fotos e imagens
também são construções, a partir de um determinado olhar. Também as imagens
podem ser manipuladas e editadas “ao gosto do freguês”. Há uma infinidade de
exemplos. Usaram-se imagens para provar que o Iraque possuía depósitos de armas
químicas que nunca foram encontrados. A irresponsabilidade e a falta de
independência da média norte-americana ajudaram a convencer a opinião pública,
e mais uma guerra com milhares de inocentes mortos foi deflagrada.
(Reflexões do jornalista Celso Vicenzi em torno de poema de Brecht, no
século 21)
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