Abriram a estrada nova com bom e liso asfalto debruado com traços de tinta branca, e a aldeia foi ficando cada vez mais vazia.
O padre é agora um velho que rege as vias-sacras Quaresmais e os terços de Maio para o pequeno grupo de mulheres idosas vestidas de negro que debitam a ladainha de cor. No Verão, muitos voltam e apresentam comportamentos ainda mais tradicionais do que os que ficaram, mas à boca fechada lá se vai falando do deboche da cidade vivido pelos filhos da devota aldeia.
Os que pertenciam à corporação de Bombeiros, agora com um quartel novo equipado com bar e salão de festas projectado de propósito para a realização de casamentos e baptizados, lá continuam a se apresentar ao serviço e a manter a custo o equipamento operacional. O salão serviu uma só vez para a boda de um casamento que acabou em divórcio, isto logo após a inauguração do quartel pelos Presidente da Câmara e o antigo presidente da Junta. Até veio um tal ministro da Administração Interna para assistir à inauguração. O bar, esse, continua a funcionar e bem.
Dantes a aldeia fervilhava de crianças e as notícias de fora chegavam pelo Sr. Prior e pelo dono do posto de telefone público, que também era e foi muitos anos o presidente da Junta. Dantes morria-se quando Deus queria e não era notícia. Hoje, depois do antigo presidente da junta ter inaugurado a abertura da estrada nova e quartel novo dos bombeiros, morre-se porque se está vivo e passou a ser notícia.
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