"Certo dia um sábio passeava
Num barco de recreio um lindo bote,
E quem altivamente tripulava
Era um rude barqueiro já velhote.
O sábio ao barqueiro perguntou
Se tinha instrução, sabia ler,
O barqueiro sorriu e exclamou
Nunca entrei numa escola prá aprender.
O sábio respondeu logo de seguida
Quem não goza das letras por prazer,
É um parvo, é um estúpido toda a vida
Ter olhos é o mesmo que não ter.
Mas nisto fora o barco sacudido
Pela força do vento ia a virar,
O sábio que não ia prevenido
Perdeu o equilíbrio e caiu ao mar.
O sábio ao barqueiro pediu socorro
Já prestes a partir para o outro mundo,
Acode-me, ó barqueiro, olha que eu morro!
Porque não sei nadar e vou para o fundo
O barqueiro seguindo em linha reta
Dizendo "adeus, amigo" até mais ver,
Quem não sabe nadar é um pateta
Ter braços é o mesmo que não ter."
Agora em gandares do ti Azenha Borrega, transposto pelo gandares Zé Palhoça-
O SÁBIO E O BRAQUEIRO
"Certo dia um sábio passeaba
Num barco de recreio um lindo bote,
E quem altibamente o tripulaba
Era um rude braqueiro já belhote.
O sábio ao braqueiro préguntou
Se tinha instrução, sabia ler,
O braqueiro sorriu e excalamou
Ê nunca antrê na escola prá aprinder.
O sábio ao braqueiro ripostou
Quem não goza das letras o prazer,
É um parbo, é um estúpedo toda a vida
E ter olhos é o mesmo que não ter.
Mas nisto fora o barco sacudido
E cum a força do bento ia a birar,
O sábio que não ia prébenido
Perdeo inquilíbrio e cai ò mar.
O sábio ao braqueiro pede sicorro
Já a quase a partir pó outro mundo,
Acode-me, ó braqueiro, olha quê morro!
Porque ê no sê nadar e vou pó o fundo
O braqueiro segue atão im linha reta
Dizendo "adeus, amigo" até mais ver,
Quem não sabe nadar é um pateta
E ter braços é o mesmo que não ter."