O Sol do início
de Outono cai pelos pinhais abaixo, direito ao Mar.
Há uma teimosia
nas palavras em se manterem e em nos cilindrar: pinhais! Continuamos a dizer
pinhais, a chamar pinhais, nós os mais velhos no contacto com o mundo, pois
pinheiros já há poucos, cada vez menos.
Dantes o Sol
descia no seu caminho da noite por detrás dos grandes pinheiros de serra que
cresciam devagar, muito lentamente, naquela pequena elevação, restos de uma
duna que o tempo e o uso arredondaram, e a que se chegou a chamar Cabeço. Hoje
esse pequeno cabeço de areia já não existe. Teria uns dois metros de altura e
duas dúzias de passos de largura e a lonjura de um tiro de caçadeira, ou mais.
Os pinheiros foram cortados, dando jus ao seu nome e tamanho, pois estavam mesmo
a pedir machado e serra, e a areia, onde as suas raízes se fincavam, carregada
em camiões de taipas feitas de metal, vedados e tapados com uma lona, para não
se espalhar nenhuma pelos caminhos de estradas de alcatrão, fugindo, dizem,
à Guarda pois iriam sem quaisquer guias ou autorização, aquelas coisas que os
fiscais tanto desejam ver e justificam o seu trabalho. Hoje o Sol cai pelos
enormes eucaliptos abaixo, direito ao Mar.
O rebento grande
do enxerto de pereira feito no velho tronco já começou a largar as folhas. Foi
assim de repente que deixaram de ser verdes e passaram a amarelecer. A seca
antecipa esta mudança, e a planta poupa os alimentos para o Inverno.
O calor aqueceu
toda a tarde e o ar até aos astros, mostrando que nos próximos tempos não
teremos grande mudança de tempo, talvez até perto do Natal. As formigas andam
baralhadas e as ervas secas estalam debaixo das passadas.
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