Sente-se como
observado por si mesmo na sua juventude. Aqueles ali nada devem fazer, pois não
mexem uma palheira do chão. Assim pensou a quando da sua mirada observativa dos
velhos a conversar na mesa do restaurante, sem pressas e ele sempre de um lado
para o outro, na tentativa de perceber um pouco, um pouco sequer seria muito
bom, da confusão que o rodeava. Será que aqueles ali sentados na frente dos
seus petiscos de cheiro e aspecto apetitosos, de um jarro de vinho a que um
deles se refere como uma pinga de estalo, estarão assim tão seguros com o dia
de amanhã? Claro que estavam cheios de certeza, só pode assim ser, pois se
assim não fosse, eles assim não estariam. E lá continuam eles na sua conversa
só deles, sobre coisas que para quem está de fora serão banais, e mesmo assim
pareciam abordar nela assuntos que ele nem sonhara, sequer, existirem. Estão certos
do que afirmavam nas suas posturas doutorais. Talvez porque teriam uma gaveta
com dinheiro, ou então não, talvez fosse do tempo que tinham para si que seria
mesmo assim calmo e usado com parcimónia de quem o saboreia, tal qual o vinho
jorrava pelas goelas em redor daquela mesa.
O tempo passou. Os
velhos passaram. Já nem se recorda dos nomes que foram deles, muito menos das
caras, das feições, mas na memória está marcada as mãos de unhas limpas, e que
dois deles usavam sempre gravata e a mesma camisa de mangas arregaçadas, pois
era o tempo da gravata mesmo no pino do Verão, e das redondas e vaidosas
pancinhas que exibiam.
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