sexta-feira, agosto 25, 2017

Um risco traço branco de borda escura



A mulher baldeia o estrume ainda vivo retirado pela manhã cedinho do curral das vacas misturando-o com as agulhas e mato, um já podre de ter passado todo o Inverno acamado na estrumeira do pátio, e outro ainda em monte, ali descarregado de poucos dias, usando alternadamente o engaço e a forquilha. A merda viva fede ainda mais quando os seus pés, sempre nus donde se pode ver nos calcanhares as negras e encardidas gretas, a espezinha e esborracha. O surro vê-se em todo o comprimento nas pernas visíveis até onde deixa ver a negra saia ligeiramente subida e cintada pelo meio das ancas. Debaixo do lenço preto, atado com nó acima da cabeça, nota-se o desgrenhado cabelo negro. O suor escorre-lhe da fronte e por baixo das orelhas até ao pescoço, arredando a sujidade depositada na pele, e deixando um risco traço branco de borda escura.

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