Hoje cheguei ao local do trabalho como se não percorrido o habitual
trajecto casa-trabalho. Não me lembro de ter percorrido tal caminho. O piloto
automático funcionou.
Arrefeceu um pouco esta primavera. O céu de tom cinzento plúmbeo
diz que vai chover. A sirene da fábrica arrebita os braços e as mente para os
ruídos e sons do trabalho que começam a afinar e a executar a ritmada sinfonia do
laboro.
Recordo ter vindo a ouvir a música de J. S. Bach, ritmos
usados antes dos actuais marcados pela máquina e lembro que revisitei o armário
das memórias, servi-me do olvidar do trajecto como limpeza de memórias de passados
e pessoas inseguras que me trazem as tais, de muitos que tenho ouvido, energias
negativas. Lentamente as empurro borda fora e, à mediada que o seu espaço por
elas ocupado no armário diminui, melhor me sinto.
Não sendo dos meus interesses, não poderão fazer companhia
de estrada. Além de me roubar essa tal energia, colam-me uma sensação de ressentimentos
de ordens várias e estranhas, ou mesmo uns resquícios de culpa. Lentamente tudo
para fora do armário das memórias e não me levem nas memórias. Eu sigo o meu
caminho.
Vai começar a chover, não tarda nada.
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