Folhetim (1)
MACHETE / BRAGUINHA
A primeira menção conhecida do vocábulo machete, desta feita usando o diminutivo machinho, encontra-se citada num longo poema (escrito provavelmente em Coimbra por volta de 1660) de Gregório de Matos (Salvador, 7-IV-1636 – Recife, 26-XI-1696), onde se lê: “[…] Criam-nos com liberdade / nos jogos, como nos vícios, / persuadindo-lhe, que saibam / tanger guitarra e m...
MACHETE / BRAGUINHA
A primeira menção conhecida do vocábulo machete, desta feita usando o diminutivo machinho, encontra-se citada num longo poema (escrito provavelmente em Coimbra por volta de 1660) de Gregório de Matos (Salvador, 7-IV-1636 – Recife, 26-XI-1696), onde se lê: “[…] Criam-nos com liberdade / nos jogos, como nos vícios, / persuadindo-lhe, que saibam / tanger guitarra e m...
achinho. […]. No “Regimento para o ofício de violeiros” de Guimarães, datado de 1719, o pequeno cordofone de mão é mencionado sob a designação de “Machinhos de quatro cordas” [duplas?] bem como “Machinhos de sinco cordas”, juntamente com “Violas de marca grande”, “meias Violas” e “Viollas pequenas”. O instrumento, neste caso designado já por Machete, é também incluído – juntamente com Violas, Bandurras, Harpas e Rabecas – no “Rol da tacha do ofício de violeiro”, feito em Évora a 30 de Dezembro de 1778. Numa colectânea para viola de cinco ordens, que se guarda na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (P-Cug M.M.97), manuscrito não datado mas seguramente copiado em inícios do séc. XVIII, o termo volta a surgir do seguinte modo: “como se tempera a viola com o machinho”. Num manuscrito setecentista (c. 1720) para rabeca de Pedro Lopes Nogueira (P-Ln, M. M. 4824) a afinação do machete serve de base para se praticar a “scordatura” no violino: “afina-se a terceira corda da Rabeca pella terceira corda do Machinho” ou a “segunda da Rabeca pela quarta corda do Machinho”, etc.. Infelizmente não chegou até nós nenhum machete ou machinho do séc. XVII ou XVIII, salvo que em alguns presépios, ou lapinhas, setecentistas se mostram uma panóplia de instrumentos músicos, onde se poderão encontrar alguns cordofones de caixa em forma de oito e braço longo que poderão ser tomados por representações iconográficas do machete, sendo problemática a sua justa atribuição, já que existiam neste período violas pequenas, que de certo modo, se podem confundir com o pequeno e peculiar cordofone aqui mencionado. Para terminar, acrescento que o termo machete ou machinho, segundo vários léxicos sete e oitocentista, é uma “violinha, descante”, e que “Machete, s.m. [é] viola pequena [e] vem do Lat. macer”, que quer dizer “magro ou delgado”.
P.S.:Só os ignaros (bem como os curtos ou abreviados em música) é que não sabem que no séc. XIX e início do seguinte, se designavam por “Folhetins” os textos de índole literária ou artística normalmente inscritos no fundo das páginas de um periódico. Que os Deuses tenham piedade da estúpidez humana!
Foto: Pormenor do "Presépio da Madre de Deus", Lisboa
Autor: Manuel Morais
http://pt.wikipedia.org/wiki/Manuel_MoraisP.S.:Só os ignaros (bem como os curtos ou abreviados em música) é que não sabem que no séc. XIX e início do seguinte, se designavam por “Folhetins” os textos de índole literária ou artística normalmente inscritos no fundo das páginas de um periódico. Que os Deuses tenham piedade da estúpidez humana!
Foto: Pormenor do "Presépio da Madre de Deus", Lisboa
Autor: Manuel Morais
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