Os dois pedaços têm que estar à mesma temperatura, com o mesmo calor já que são feitos da mesma liga, e assim se ligam com mais facilidade, pois são do mesmo sangue, da mesma família.
Como é que tu sabes que eles, ambos os dois, estão com o mesmo calor se estão tão quentes, num queimo que tudo abrasa? Sei só de olhar. Sei pelo claro da cor do ferro em brasa. Cada família de ferro tem a sua cor que anda ao redor do rubro branco, todas diferentes, e depois começamos com a dança entre a bigorna e forja. Põe esse avental de cabedal e aquele chapéu de aba larga, aquele desabado. Esse mesmo!
E a areia?! Para que queres tu que eu te dê a areia? É que tenho que estar atento ao rubro de cada pedaço. Tenho que atrasar um para esperar pelo outro. Atraso um dando-lhe areia enquanto o outro está mais perto da forja. O fole! Não pares com o fole, que eu darei pancadas com o martelo no corno da bigorna, o sinal para que tu me dês a outra ponta à calda. Aqueces primeiro o pedaço que arrefece mais devagar, esse maior. Com a areia eu o atraso à espera do outro, aquele ali que vai abocanhar este em ponteiro. Malha com força, mas só quando eu disser.
Força! Bate sempre assim. Está quase. Dá um pouco mais de areia para atrasar esta parte. Isso mesmo! Assim, …
Já está! Até parece milagre! Quem os soldou? Foi o fogo, a areia e o malho na mão, mas o diabo os passou pelo chão.