Está frio!
Vê-se o branco manto da geada. A velha peneirou toda a noite nas terras mais abrigadas do sol, sombrias onde ele não bateu, e nos cantos onde ele chegou mas não conseguiu empurrar o frio para o fundo da terra.
O calor do Sol ainda não tem força para vencer por completo o frio. Frio e calor, dois humores do mesmo elemento que não se entendem. Dois fluidos antagónicos e imiscíveis por natureza, que se repelem desde o início do tempos. Um empurra o outro, tempos após tempos, bem para o fundo da terra, lá para o quinto dos infernos. Uma luta que vem dos Astros onde tudo começa. Frio e calor, um de cada vez e na sua própria vez: Verão, Inverno, Dia e Noite.
Agora é o calor que toma a vez de empurrar o frio para o fundo. Só que a cada hora do dia e da noite, o calor ou frio dos Astros variam de humores, fluidos espirituosos que moldam as nossas vidas e de todos os restantes viventes.
O fogo puro, aquele que tudo purifica, só ele dará o poder de obter os metais puros de brilho e matéria preciosa, ainda está longe de o ter ali. Com o fogo purificado, não seria a chuva morrinha de encharcar ossos e carvão, nem a geada que lhe poderiam fazer frente.
Os foles reclamam aquele remendo e alteração para o fornecimento de espírito ao esfomeado fogo, o seu sopro divino.
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