Algures, entre muitos gatos
Um havia
Que era, segundo a fama que corria,
O mais temido caçador de ratos.
Focinho de arreganho,
De grande rabo
E de eriçado pelo,
Para o murganho
Vê-lo,
Era do diabo!....
Nenhum rato caía na tolice
De sair, sem cautela, do buraco,
Por mais fraco
Que o estômago sentisse.
Não, porque ele era o espectro, era a tortura
Que rala, que aniquila, que consome!
Ele era a fome
E a sepultura!
O caçador, porém, não era monge;
E numa linda noite de luar
Soube-se no lugar
Que andava longe…
Então,
(Vejam aqui os homens neste espelho
Como eles, fúteis, tantas vezes são)
Os ratos reuniram em conselho.
Diziam: - Isto assim não pode ser;
Antes a morte que tal sorte:
Passar dias e dias sem comer!
E logo alvitrou um, com alvoroço:
-Sabem o que é preciso?
É pôr-lhe um guiso
Ao pescoço…
Com um guiso ele próprio nos previne…
Muito embora no chão se agache e roje,
Ao menor movimento o guiso tine,
E a gente foge…
-Bravo! - gritaram todos – muito bem!
É assim mesmo! Assim!
Mas quem há-de ir atar o laço? Quem?
Eu não, que não sou tolo! – afirmou um.
Nem eu – disse outro. E enfim,
Não foi nenhum.
Há destes casos neste mundo a rodos;
Se é preciso coragem numa acção,
Todos concordam, ninguém diz que não,
Mas chegado o momento, faltam todos!
(Fábulas feitas por JOÃO DE DEUS)
5 comentários:
O mal está em se fazer as coisas da maneira mais dificil... mais fácil seria envenenar o gato...
OLHA QUE NÃO É FÁCIL ENVENENAR UM GATO... NÃO COME SEM CHEIRAR BEM A COMIDA. BASTA UM PEQUENO ODOR (A VENENO?) E NEM LHE TOCA.
"envenenar" é uma das mil e uma maneiras de fazer "desaparecer" o "gato", sem o risco de lhe tentar meter o "guiso"...
Mas de qualquer maneira, se o gato tem aquele temperamento (à mete nojo!), tenho a certeza que cai na armadilha do "veneno".
“Numa cidade da Índia viviam sete sábios cegos. Como os seus conselhos eram sempre excelentes, todas as pessoas que tinham problemas recorriam à sua ajuda.
Embora fossem amigos, havia uma certa rivalidade entre eles que, de vez em quando, discutiam sobre qual seria o mais sábio.
Certa noite, depois de muito conversarem acerca da verdade da vida e não chegarem a um acordo, o sétimo sábio ficou tão aborrecido que resolveu ir morar sozinho numa caverna da montanha. Disse aos companheiros:
- Somos cegos para que possamos ouvir e entender melhor que as outras pessoas a verdade da vida. E, em vez de aconselhar os necessitados, vocês ficam aí discutindo como se quisessem ganhar uma competição. Não aguento mais! Vou-me embora.
No dia seguinte, chegou à cidade um comerciante montado num enorme elefante. Os cegos nunca tinham tocado nesse animal e correram para a rua ao encontro dele.
O primeiro sábio apalpou a barriga do animal e declarou:
- Trata-se de um ser gigantesco e muito forte! Posso tocar nos seus músculos e eles não se movem; parecem paredes…
- Que palermice! – disse o segundo sábio, tocando nas presas do elefante. – Este animal é pontiagudo como uma lança, uma arma de guerra…
- Ambos se enganam – retorquiu o terceiro sábio, que apertava a tromba do elefante. – Este animal é idêntico a uma serpente! Mas não morde, porque não tem dentes na boca. É uma cobra mansa e macia…
- Vocês estão totalmente alucinados! – gritou o quinto sábio, que mexia nas orelhas do elefante. – Este animal não se parece com nenhum outro. Os seus movimentos são bamboleantes, como se o seu corpo fosse uma enorme cortina ambulante…
- Vejam só! – Todos vocês, mas todos mesmos, estão completamente errados! – irritou-se o sexto sábio, tocando a pequena cauda do elefante. – Este animal é como uma rocha com uma corda presa no corpo. Posso até pendurar-me nele.
E assim ficaram horas debatendo, aos gritos, os seis sábios. Até que o sétimo sábio cego, o que agora habitava a montanha, apareceu conduzido por uma criança.
Ouvindo a discussão, pediu ao menino que desenhasse no chão a figura do elefante. Quando tacteou os contornos do desenho, percebeu que todos os sábios estavam certos e enganados ao mesmo tempo. Agradeceu ao menino e afirmou:
- É assim que os homens se comportam perante a verdade. Pegam apenas numa parte, pensam que é o todo, e continuam tolos!”
Eu até era capaz de afirmar que este conselho tinha sido lá no seu quintal... mas em Novembro ainda não tinha sido construída a infraestrutura. Contudo o banquete estava pronto a servir...
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