Quando alguém incomoda o instituído sistema que alimenta aqueles que têm dominado, logo um coro de rasganço de vestes se ouve, como um unir fileiras contra a subida inevitável da maré que irá encher a praia. Um coro de vozes a recordar os ancestrais medos, muitos já esquecidos e colocados para o caixote do passado.
É aqui que se acentuam os choques e as diferenças.
Vive-se o medo da mudança como se mostra no recorrer ao instituído pelo velho e arcaico sistema, às crenças enraizadas como refúgios e cais de abrigo, ideias de um mundo dominado por forças superiores.
Só não aprende quem não erra, e só não erra quem não faz.
Abençoado erro que nos eleva.
7 comentários:
Manel
Sem medo de errar estou de acordo, com o que está escrito.
Tal como nos "Paradoxos de Zenão" a certeza nunca se atingirá, certa é a mudança e mudança supõe intervalo e intervalo por mais pequeno que seja pressupõe erro. É aí que aprendemos, naquele intervalo que uma vez referiste, ficava entre o burro e a capela do Zambujal. Escrevo isto sem medo de errar, porque já estou a aprender.
Gostei do post e do labirinto do qual só algumas criaturas sairão pelas portas certas, depois de esmurrarem o nariz nas erradas.
Obrigado, obrigaste-me, a errar melhor a aprender, sem erro não há certo.
Abraço
Rebola
Entre o sagrado e o profano, mesmo ali onde o espaço é contíguo e requer enorme liberdade de pensamento, não se vislumbram alterações substanciais quando ele, o pensamento, é formatado. Esse é o grande erro da nossa civilização. Caminha-se para o "Pensamento Único" e quem está fora é atacado, humilhado e ostracizado. Só que a esperança na "subida da maré que vai encher a praia" é mesmo inevitável.
Um abraço.
Tudo isto, afinal, parece lembrar o que anda um pouco esquecido. Que a palavra «errar» tem dois significados diferentes: andar à solta; praticar um erro. Atenção: será por acaso?! De facto, vendo bem, «errar» é, simultaneamente, andar (avançar) num sentido qualquer; mas «andar» também é, fatalmente, tropeçar ou cair alguma vez. Os Antigos, que moldaram assim a nossa língua, sabiam-no bem!
Erram, não aprendem e continuam a ser elevados...aquando da maré, normalmente de 4 em 4 anos!
Não poderia estar mais de acordo consigo. Caro Manel, é por isso que, cada vez mais, me considero uma alma errante neste espinhoso caminho da vida. Abraços
Errata, (que significa indicação dos erros cometidos na impressão de uma obra) é uma palavra que também gosto, desde que se aprenda com isso!Mas as marés de quatro em quatro anos ofuscam-nos e teimamos em esquecer os erros e pior que isso, tornar a cometê-los.Mas acaba por ser normal porque a maioria de nós não tem projectos nem convicções e estamos em tudo como no futebol (mesmo que a equipa seja má, jogue mal, o treinador péssimo)é a nossa equipa e temos orgulho nela.E não há nada mais errado que isto.
Pois muit bem, errar é humano, mas ser-se teimoso é pior do que errar.
Todos gostam do seu Clube/Partido/Relegião, mas não pdem é tentar servir-se deles para serem alguem e depois veem com conversa fiada a tentar denegrir aqueles que com todas as dificuldades tentaram fazer o melhor. Não coloquem a cabeça na areia. Trabalhar não faz mal a ninguém, ainda que no anonimato.
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