As mensagens nos blogs são passageiras.
No entanto, recupero aqui umas messagens que debitei no passado.
Post de 03 de Abril de 2006.
Uma questão cultural e de confiança para a Gândara
É marcadamente sentida uma falta de confiança na economia da nossa região da Gândara, que não é mais do que resultado da depressão económica que o varre. As causas, entre outras, devem-se também a hábitos e comportamentos, erradamente promovidos e enraizados que urge mudar.
Ora uma mudança deste tipo, como proposta, não irá gerar no imediato grandes optimismos. Mas o realismo deve estar presente, mesmo com o multiplicar de inquietações, pois o que está também em causa, é a necessária sustentabilidade.
Não conseguindo mudar o mundo, isto é, só num pequeníssimo raio de acção é que a minha actuação poderá ter alguma pouca influência, daí recorrer a ideias de outros, ideias que aceito tais como, “quanto mais internacional sou, mais regional me sinto” e “pensar global e agir local”, a cujos autores peço desculpa em não os citar, meu desconhecimento e ignorância, o podemos ir mudando. Penso que deve ser a lucidez a inspirar-nos, e como a nossa realidade da economia local demonstra uma debilidade que temos que urgentemente alterar, a importância do poder local, ao contrário do que algumas ideias apregoam, deverá ser central na mudança e nos modelos de desenvolvimento.
Isto de forma alguma deverá ser entendido como sinónimo de proteccionismo, paternalismo ou estatismo disfarçado, mas sim, como um empurrão ao que são capazes de inovar e produzir inovação, no aliar das novas tecnologias ao tradicional, pois só com a inovação se rentabilizará e revitalizará .
Entre muitas faltas na nossa Gândara, falta um tecido empresarial e empreendedor, com a devida escala, que em algumas regiões se encontra, e como a administração local não tem sido capaz de produzir inovação, o seu novo papel deverá ser não o de fazer, mas sim o de “fazer fazer”.
Como falta massa crítica às pequenas e micro empresas, é com uma administração local que funcione com transparência, sem secretismos e que altere a sua postura cultural perante os munícipes, eliminando os procedimentos blindados e labirínticos, é cooperando que algo se pode atingir, e assim inverter este ciclo de decadência em que a mudança cultural é solução. Com o realismo necessário, isto é, com os pés bem assentes no chão, uma cultura de confiança, valorização da formação e da educação, que creditem a ética do trabalho e que premeiem os que assumem riscos, temos que ser cada um de nós, a assumir o enfrentar dos problemas, receios, lamúrias e bloqueios culturais.
A confiança é, também, uma questão cultural.
Publicada por Manel em 3.4.06
Nota de 15-05-2009: 3 anos depois, parece que a coisa está pior.
"A vida piora sempre, repete-se. Se não for na saúde, será nos problemas que a envolve, mais a vivência assumida."
4 comentários:
Caro Manel
Magnifico post e como sempre com uma visão da realidade que, infelizmente, quem nos "governa" não possui.
É por isso que esta sua "tasca" é visita obrigatória.
Cumprimentos,
Candido Rodrigues
Mentalidade... Somos portugueses... temos o que somos...
Acima de tudo as aparências. Quantos de nós "lambemos" as botas de quem tem uma "bomba" de automóvel, ou uma casa apalaçada (às vezes apalhaçada!!!), e nem nos lembramos de averiguar quem está a financiar tais coisas? E financiar, para mim, também é ficar com uma divida por tempo indeterminado...
Se bem me lembro de há 4 anos atrás, vão possivelmente recomeçar a aparecer nos jornais de âmbito mais local, entrevistas com os ilustres e eminentes detentores de cargos no Poder Local, que possivelmente irão voltar a dizer algo do género:
- Na área a que eu presido, existe uma excelente qualidade de vida, uma economia local desenvolvida e em franco crescimento, excelente dotação de infra-estruturas e total ausência de desemprego!
Os pretendentes das oposições vão apresentar um quadro do contexto local nos antípodas do pessoal supracitado!
E os vários candidatos de todos os partidos, vão apresentar uma enorme lista de promessas que pretendem realizar! O problema é que algumas delas serão muito difíceis de cumprir, mesmo que tenham toda a honestidade e boa vontade do mundo, pois o órgão autárquico a que se candidatam não tem nem competência legal, nem dotação financeira para as realizar! Mas o povo desconhece e aplaude!
E eu para não variar, vou lá meter a cruz no que me conseguir convencer, ou possivelmente, no que me parecer o mal menor! E vou continuando a tentar existir vivo no "faroeste" da Europa por mais 3-4 anos, altura em que alguns Senhores se vão relembrar novamente de que vivem cidadãos à volta deles!
Infelismente é assim.
Não só na saúde, mas em quase tudo, mas sendo a saúde o mais importante.
Pensar globalmente e agir localmente é na realidade a única solução.
Implementar este modo de agir não é fácil, contrariando desde logo o pensamento egoista, entranhado na cultura do Tuga.
Crie-se um Enclave, para começar!
Abraço
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