De Pedro Fernandes Thomás, Velhas Canções e Romances Populares Portuguêses, livro editado em Coimbra no ano 1913.
Adenda de 31-03-09:
Neste processo de olhar o passado, o que mais me emociona é o perder da inocência. Quando olhamos o passado (nosso e colectivo) sentimos essa sensação de perda, a inocência perdida que encontramos nas grandes obras literárias e cinematográficas.
Se sentimos essa perda, é porque a temos.
Devemos reconhecer a herança e avançar no sentido de a perder no futuro.
11 comentários:
Bem observado, "a epidemia do fado"...
Com quase 100 anos e tão actual.
Caro Amigo de olho atento,
Mesmo bem oservado acerca da "epidemia do fado". Então aquele fado da desgraçadinha, de canto, letra e música pobre e repetitiva que até parece mais uma reza de Maio em plena RR, se lhe somar aquele ar serumbático que os cultivadores assumem, até parece mesmo um fado fadário português.
Um abraço
manel
Caro Cândido,
Hoje existem outras epidemias bem mais perigosas que aquele fado de letra e música pobres suportado numa pieguice de treta.
Agora toda a gente se apresenta para cantar o devido à epidemia das TVs.
Abraço
manel
Viva,
Tudo na vida é relativo...e nada se perde nem ganha, tudo se transforma.
O exposto existe hoje noutra proporção e com as devidas transformações, claro está.
O fado é fado e pronto, cada um canta-o e toca-o consoante o seu fado...é o fado.Há que respeitar...
"Haja respeito, que diacho...", já dizia António Silva a propósito do burburinho sobre a eleição supostamente democrática da sua filha como rainha das costureiras...uma grande "aldravice" dizia o público.
Alfredo Marceneiro um dia disse qualquer coisa deste género: "eu canto o fado há muitos anos...intigamente cantava-o por gosto, agora pagam-me para o cantar...mas pronto canto o fado..."
As epidemias nos dias de hoje são outras...e muitas subsistem por que as alimentam...
Na 6ª feira fui ouvir fado a Monsarros/Anadia...mais do mesmo mas sem ser epidémico...cantado sim por gosto, por carolas que vão alimentando os poucos adeptos destes rituais saudáveis e que alguns dizem para "os cotas"...a aldeia nova estava desfalcada...parece que por coisas de carolice!
Um abraço
António
Caro António,
Os carolas é que afinal aguentam com o barco.
Tudo tem o seu lugar.
O fado tem o seu lugar e para evoluir deverá ter as suas excepções. Tal tem sido criticado por alguns que o tentam colocar no tempo que na realidade existiu, mas já não existe mais.
Há 100 anos o fado estava a entrar pelo país todo. Viria do sul pelo comboio e com as migrações, Tal só foi concluido com a vulgarização da rádio (anos 30 do século passado).
Caro amigo Manel:
Deixem lá o fado faduncho, cada um com seu gosto, porque o que interessa é o ponto focado no post, a perda da literatura oral, também dita tradicional ou popular. Na verdade, está a perder-se no plano dos usos. É o resultado de vivermos numa sociedade mediatizada (tv, rádio, imprensa, Net). A escola, junto com os ambientes familiares, têm uma palavra a dizer. Mas vejamos, a perda é relativa porque desde a segunda metade do séc. XIX muitos autores trabalharam para registar em livros esse imenso e valioso património. Peguemos nos livros, então!
Abraço.
O que me deixa mais atónito, é que a pessoa que mais se preocupou em Portugal com o estudo, recolha e salvaguarda deste património musical tradicional, ... foi um estrangeiro: - Michel Giacometti (1929-1990)! Este senhor, nos anos 60 e 70, calcorreou Portugal de forma intensiva; empunhando gravador, máquina fotográfica e bloco de apontamentos; tendo feito muitos milhares de recolhas sonoras!
E como é normal na terra dos "tugas", só passados quase 20 anos sobre a sua morte, é que se começa a reconhecer e valorizar a importância da sua acção!
Caro Amigo Arsénio,
O Mundo pula e avança, e na maioria desses avanços e pulos magoa-se muito.
Quando tomamos conhecimento de preocupações de há 100 anos, ficamos com a sensação que a história se repete, o que não é verdade. No entanto o número de interessados sobre estes temas da vivência (cultura) humana aumentou significativa e exponencialmente, também, com esta globalização.
A oralidade perdeu desde que o registo se tornou de fácil deslocação e ainda mais quando a mensagem passou a ser o seu próprio suporte físico.
Um abraço
Manel
Caro Bruno,
Não esquecer Lopes Graça nesse processo, além de muitos outros.
Esse olvidar do trabalho pioneiro não é só característica do Tugas. É da maoiria das pessoas de qualquer parte culural do Mundo. Só mais tarde é que se dá o valor.
Penso que Giacometi e também Lopes Graça nunca estiveram à espera de agrdecimentos, tal como nós (o meu amigo e eu) não devemos estar à espera.
Uma sociedade para ser evoluída deve premiar em primeiro lugar o mérito. Todos nós temos o nosso mérito, é verdade, mas o que vemos hoje são os mais desmerecedores bem premiados.
Tem sido a vida assim!....
Um abraço
Manel
Reconhecer e valorizar não é só propriamente colocar uma Grã-Cruz ou Comenda no peito do indivíduo vivo no 10 de Junho, à frente de "flashes" e com "vips" a aplaudir! Também penso que o senhor que citei, obviamente não efectuou a sua acção meritória para acumular honrarias! Também não o fez certamente para ganhar dinheiro, pois até terá perdido muito com o seu tipo de vida!
Reconhecer e valorizar, por exemplo, é não deixar por vários anos o espólio acumulado, em abandono, degradação e no esquecimento; com escassa divulgação e disponibilização a potenciais interessados!
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