sexta-feira, outubro 29, 2021

Extinções em curso


Está em curso uma extinção em massa de muitos negócios.
Mais uma vez, as questões civilizacionais associadas às tecnologias a fazerem o que lhes cabe.

sexta-feira, outubro 22, 2021

A panelada está ao lume.

 


A panelada está ao lume. Os ingredientes estão a ser adicionados um a um. O problema reside naquela última gotícula, extraída do pequeno frasco, a ser lançada ao caldeirão, o tempero final que lhe dará o toque.

Há quem esteja ansioso pelo repasto e a mesa ainda não está posta.

terça-feira, outubro 19, 2021

Agora é que me dava jeito ser bruxo.

 


Agora é que me dava jeito ser bruxo.
Depois de uma crise financeira global, a pandemia que ainda aí está, o que aí vem já se está desenhado.
Há escassez de tudo, de madeira a semicondutores. O custo do envio de mercadorias da China para a América triplicou, quintuplicou, septuplicou, …. As empresas não relataram atrasos de fornecedores tão graves em décadas. Antes da pandemia, no passado, muitas empresas cortaram seus investimentos em logística.
Depois da crise financeira global seguida de um desequilíbrio entre o poder de compra e a procura, o após pandemia apresenta -nos a escassez.

sexta-feira, outubro 08, 2021

A escassez substituiu o excesso


 

A escassez substituiu o excesso como o maior obstáculo ao crescimento global.

Este é o título de um artigo que aqui deixo o Link:

https://www.economist.com/leaders/2021/10/09/the-world-economys-shortage-problem

Após a crise financeira de 2008, o problema da economia mundial era a falta de consumo, isto no alinhamento com o crescimento.

Agora, com o covid-19, a procura é enorme e a escassez fará aumentar preços (inflação) nomeadamente da energia e custos de transporte. Estamos a viver paradoxos nestes momentos, tais como emprego/desemprego, transição energética, mudança tecnológica, e até o problema emigração está a mudar na sua abordagem.

O crescimento ainda é o assunto do dia em todos os "areópagos da finança", dado o vomitado pelas TVs e tudo o que é especialista da coisa em apresentar prognósticos depois do jogo.

Eu estou mais virado para a simplicidade voluntária.

Hoje, pela manhã, numa conversa telefónica , conclui com o meu interlocutor que isto está godido.

 

 

GOSTAMOS dos idiotas porque não nos colocam em causa

 

" ... GOSTAMOS dos idiotas porque não nos colocam em causa ... " ...
“A SOCIEDADE necessita de medíocres que não ponham em questão os princípios fundamentais e eles aí estão: dirigem os países, as grandes empresas, os ministérios, etc. Eu oiço-os falar e pasmo não haver praticamente um único líder que não seja pateta, um único discurso que não seja um rol de lugares comuns. Mas os que giram em torno deles não são melhores.
Desconhecemos até os nossos grandes homens: quem leu Camões por exemplo? Quase ninguém. Quem sabe alguma coisa sobre Afonso de Albuquerque? Mas todos os dias há paleios cretinos acerca de futebol em quase todos os canais. Porque não é perigoso. Porque tranquiliza.
Os programas de televisão são quase sempre miseráveis mas é vital que sejam miseráveis. E queremos que as nossas crianças se tornem adultos miseráveis também, o que para as pessoas em geral significa responsáveis.
Reparem, por exemplo, em Churchill. Quando tudo estava normal, pacífico, calmo, não o queriam como governante. Nas situações extremas, quando era necessário um homem corajoso, lúcido, clarividente, imaginativo, iam a correr buscá-lo. Os homens excepcionais servem apenas para situações excepcionais, pois são os únicos capazes de as resolverem. Desaparece a situação excepcional e prescindimos deles.
Gostamos dos idiotas porque não nos colocam em causa. Quanto às pessoas de alto nível a sociedade descobriu uma forma espantosa de as neutralizar: adoptou-as. Fez de Garrett e Camilo viscondes, como a Inglaterra adoptou Dickens. E pronto, ei-los na ordem, com alguns desvios que a gente perdoa porque são assim meio esquisitos, sabes como ele é, coitado, mas, apesar disso, tem qualidades. Temos medo do novo, do diferente, do que incomoda o sossego.
A criatividade foi sempre uma ameaça tremenda: e então entronizamos meios-artistas, meios-cientistas, meios-escritores. Claro que há aqueles malucos como Picasso ou Miró e necessitamos de os ter no Zoológico do nosso espírito embora entreguemos o nosso dinheiro a imbecis oportunistas a que chamamos gestores. E, claro, os gestores gastam mais do que gerem, com o seu português horrível e a sua habilidade de vendedores ambulantes: Porquê? Porque nos sossegam.
Salazar sossegava. De Gaulle, goste-se dele ou não, inquietava. Eu faria um único teste aos políticos, aos administradores, a essa gentinha. Um teste ao seu sentido de humor. Apontem-me um que o tenha. Um só. Uma criatura sem humor é um ser horrível. Os judeus dizem: os homens falam, Deus ri. E, lendo o que as pessoas dizem, ri-se de certeza às gargalhadas. E daí não sei. Voltando à pergunta de Dumas
– Porque é que há tantas crianças inteligentes e tantos adultos estúpidos?
Não tenho a certeza de ser um problema de educação que mais não seja porque os educadores, coitados, não sabem distinguir entre ensino, aprendizagem e educação. A minha resposta a esta questão é outra. Há muitas crianças inteligentes e muitos adultos estúpidos, porque perdemos muitas crianças quando elas começaram a crescer. Por inveja, claro. Mas, sobretudo, por medo."
António Lobo Antunes