Alguém disse algures que, as ideias que produziram mudança social têm o valor oposto quando aplicadas para evitar uma mudança na situação do status adquirido, tal como podemos “viajar” ao passado e ao futuro, mas não podemos “viajar” do futuro.
A oração badalada pelos sacerdotes do novo reino de entregar tudo à sociedade civil é um pequeno exemplo. A dita sociedade civil, isto é, a dos negócios e dos interesses não se mexe para o social. Faço aqui uma referência especial à caridadezinha tão a gosto do presidente da República (o pê pequeno é meu) na lavagem de consciências. O grupo dos interesses manda propagandear os ideais de democracia, solidariedade e humanismo, bandeiras agitadas como instrumento de status de poder, pois os que se apresentam como anti liberais são portadores dos valores que resultam da aplicação desse mesmo liberalismo.
Com a actual defesa do liberalismo, quer por políticos e em especial pelos fazedores de opinião, sinto que estamos a viver, não um liberalismo, mas antes uma outra espécie de ditadura, isto depois do fim dos principais totalitarismos do século XX, está a crescer um totalitarismo liberal no usar das mesmas ideias para resolver os problemas resultantes da sua aplicação.
Como a salvação no Além já não move os sacerdotes e colectores de côngruas para a obra divina do deus Mercado, nem o Comunismo se apresenta como diabo equilibrador, voltamos à lei natural das coisas: Us grandes comem us pequenos.
Aqui a questão é do foro da liberdade cultural, e essa onde está?