NATAL
“Naõ fe contentar
hum ladraõ com duas mãos, que lhe deo a natureza, e com cinco dedos que lhe poz
em cada huma, armados com muito formofas unhas, e hir bufcar mãos alheas, e
empreftadas, para outros lanços, he o fummo da ladorîce.”
In A arte de
furtar, capittulo XXXVIII, dos que furtaõ com maõ de gato
Campanha eleitoral.
Os candidatos no
seu melhor.
- O candidato Marcelo
Rebelo Sousa em ceroulas.
- A candidata Ana
Gomes de saiote.
- O candidato João
Ferreira em boxers.
- A candidata
Mariza Matias em lingerie sexy.
Já chega! Não
preciso de ver mais roupa íntima, nomeadamente trusses com selo.
Este tempo de manipulação que vivemos faz lembrar o pós terramoto de 01 de
novembro de 1755. Todos tinham justificações; umas mais ou menos científicas
para a época e outras as verdades absolutas.
Iremos ter alguns Malagridas nas fogueiras enquanto a ciência continua a
lavrar a inútil gleba.
Como escreveu o poeta : o Erro mudou.
O Natal da minha infância
não era comercial.
A alegria estava
numa fogueira no cruzamento de duas estradas de terra batida. Um lume que aquecia como o de qualquer outra
fogueira, mas aquele era melhor. Era o da fogueira de Natal.
O fim do Facebook
como rede social já aconteceu há um ou dois pares de anos.
Local onde uns largam
algumas ideias, futilidades, traumas, frustrações e outras coisas que não é de bom-tom
para aqui chamar.
Esta Pandemia só veio
alçar os poucos panos que cobrem tão mal entrapado viajante que já cumpriu a
sua função de mostrar o que, e como, somos por detrás de um simples monitor.
Tudo muda, até a surda
muda.
A certeza do obsoleto.
Tantas certezas
que nos foram ofertadas ao longo dos tempos se esboroam nesta pandemia com a
ajuda da tecnologia. Tudo está em posto em causa, nada é estável com a rápida mudança nas necessidades. Quando
se decidir fazer, teremos uma só certeza possível que, ao se concluir o trabalho,
o projeto estará obsoleto.
